sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Quero minha “Passione” de volta, diz crítico


É verdade que Silvio de Abreu avisou antes mesmo de começar: por volta do capítulo 100, iria ocorrer uma “virada” em “Passione”. Mas nenhum espectador poderia imaginar que uma novela ia terminar para dar lugar a outra. Pois é o que parece ter ocorrido na principal trama da Globo.

De uma hora para a outra, um vilão carismático (Saulo) foi assassinado; a vilã sedutora (Clara) virou dublê de garçonete e faxineira de uma cantina; o inescrupuloso golpista (Fred) se aquietou; e o divertido bígamo (Berillo) foi obrigado a escolher uma das suas duas mulheres.

Para piorar, o braço direito do vilão assassinado (Noronha) resolveu ameaçar o mocinho (Mauro) com uma arma na mão e acabou morrendo. E chantagem virou uma espécie de Bombril: é recurso dramatúrgico de mil e uma utilidades.

A magnífica e sofrida Melina, única testemunha da morte de Noronha, está chantageando a insossa Diana para que ela não se case com Mauro. Já Mimi, o bondoso carteiro, está chantageando Agostina por conta de uma suposta noite de amor, da qual a bela não se recorda, para que ela não fique com Berillo.

Fora o entra e sai na cadeia do núcleo Tatuapé. Primeiro, a verdureira Candé, por abrigar um menor que fugiu da casa dos pais adotivos por conta de maus tratos; agora, a malvada Valentina, que explorava a própria neta.

E o que aconteceu com o núcelo familiar de Totó, o personagem principal da trama? Atormentado pela paixão que ainda sente pela ex-vilã Clara, tenta amar a compreensiva Felicia. Já Gemma, sua irmã de criação, ficou sem função na nova trama, assim como seus filhos.

Para completar, de uma hora para a outra, esta nova “Passione” foi inundada por ações de merchandising cada vez mais explícitas e mal realizadas – constrangedoras não apenas para quem assiste, mas também, desconfio, para o cliente.

Da velha novela ainda resta o núcleo do Jardim América, liderado por Clô, Olavo e Fortunato. São deles as melhores cenas da novela, atualmente.

Enfim, quero minha “Passione” de volta.

Fonte: Maurício Stycer, do UOL

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