Danilo Gentili, 32 anos, veste com orgulho a
camisa da comédia stand-up. O humorista, que ganha cada vez mais espaço na Band
com o talk show "Agora É Tarde", está lançando seu segundo DVD de
stand-up e faz questão de lembrar que os comediantes dessa escola, ao contrário
de muita gente na TV, não são filhos de pais famosos e nem tiveram de puxar
saco para chegar ao sucesso.
"O stand up é o meio onde procuro
talentos para trabalhar comigo. Um cara que consegue fazer alguém rir de uma
forma tão crua, sem peruca, sem personagem, está apto a trilhar um ótimo
caminho", argumenta o artista, que lança o DVD "Danilo Gentili:
Volume 1", baseado em seu show "Volume 1", ainda este mês.
Em entrevista exclusiva, Gentili contou que,
a partir do próximo ano, não deve mais integrar a trupe do "CQC",
para se dedicar exclusivamente ao "Agora É Tarde". Ele falou, ainda,
sobre barreiras no humor. "Para mim, não existe assunto proibido. Tento
fazer qualquer piada sobre qualquer assunto em qualquer momento", disse.
Você
enxerga o "Agora É Tarde" como um fenômeno dentro da Band? Ele será,
de fato, um programa diário?
O programa será diário a partir do ano que
vem. É quase certo. E eu tenho muitas ideias. Na verdade, até aqui tive de aguentar
uma ou outra cagação de regra da produtora. Mas, se você comparar o primeiro
programa ao de agora, verá que está bem diferente. Está cada vez mais próximo
do que eu imagino ser o ideal. A ideia é melhorar sempre. Um late night bom é
aquele que aparentemente é organizado mas, na realidade, é anárquico. Isso faz
o público ser fiel, pois ele conhece o programa e, ao mesmo tempo, nunca sabe o
que vem pela frente.
Há
alguém que você sonha em receber no programa?
Barack Obama está confirmado em breve.
No
"CQC", a produção fez uma brincadeira colocando seu nome, em um
crédito, como "ex-CQC". Você está saindo até o fim do ano?
Se confirmar que o "Agora É Tarde"
vira diário no ano que vem, por mais que ame o "CQC" e tenha um
carinho enorme por ele, vou precisar deixar, sim. Quero fazer o "Agora É
Tarde" da melhor forma possível e, para isso, tenho de me dedicar 100%
como me dediquei ao "CQC".
Quais
são seus humoristas preferidos da TV, hoje?
Eu gosto de comediantes americanos. Foram
eles a quem cresci assistindo. Eles me faziam rir de verdade nos filmes. Também
adorava Mazzaropi. Hoje, admiro meus colegas de stand-up. São comediantes que
não são filhos de pai famoso, não puxaram saco ou foram apadrinhados por
ninguém. Não fizeram curso de nada. Não têm doutrinas na cabeça. Escreveram seu
próprio material, criaram coisas originais, foram a um bar e fizeram o público
rir. E, hoje, vivem de comédia. Por isso, esse é o meio onde procuro talentos
para trabalhar comigo. Um cara que consegue fazer alguém rir de uma forma tão
crua, sem peruca, sem personagem, está apto a trilhar um ótimo caminho no
humor.
Você
vem da escola do stand up, que vem crescendo de forma estrondosa no Brasil.
Acha que o público brasileiro já aceita e entende bem esse tipo de formato?
Sempre abro meu programa com um pouco desse
tipo de humor. O "Agora É Tarde" conta com mais três comediantes
dessa escola. Trocamos piadas a todo momento, no tom e no estilo do stand-up. A
audiência e o share, até agora, têm surpreendido de forma positiva e se mostrado
crescente. Acredito que isso é sinal que o publico da TV não apenas aceita e
entende esse tipo de humor, como faz questão de consumi-lo.
O
stand-up, muitas vezes, é marcado por notícias atuais e de relevância pontual.
Como foi feita a seleção de temas para a gravação do novo DVD, um produto
atemporal?
Esse DVD é fruto de um longo tempo
selecionando, na minha vida cotidiana, o terreno em que sei que todos pisam.
Busquei fazer piada com o que é real para mim e para quem me ouve. Não se trata
de um show sobre notícias factuais e, sim, sobre a vida cotidiana. Tenho
certeza de que todos se identificarão com as situações que descrevo. Não tem
nada melhor do que rir da própria desgraça. A ideia é que, da próxima vez que a
pessoa estiver presa na fila de um banco ou no trânsito, ela se lembre do que
eu disse no show e dê risada. Quando elas assistirem a esse DVD, não será
apenas de mim que estarão rindo, mas de todos nós.
Qual é
a diferença principal entre o "Volume 1" e o "Politicamente
Incorreto", seu primeiro DVD?
Meu primeiro DVD se chama "Politicamente
Incorreto" porque é um show sobre política (que no Brasil é feita de forma
incorreta). Eu fiz esse show nas vésperas da eleição (em 2010), e ele foi
transmitido ao vivo pela Internet. Na ocasião, tivemos mais de 1 milhão de
computadores acessando. É um show específico sobre política, campanha
eleitoral, figuras do cenário político atual. Fiz piada com tudo isso. Esse
novo DVD é sobre cotidiano, vida comum.
Você
sempre está de bom humor quando cria piadas?
Eu abordo os assuntos mais variados. Então,
já criei piadas nos mais diferentes estados de humor possíveis. Quanto menos eu
me limitar, maior minha chance de acertar
Você já
teve problemas com algumas brincadeiras no passado. Vale a pena correr riscos
para não perder a piada?
Para mim, não existe assunto proibido. Se
alguém acha que existe, deve ser bem mais infeliz do que eu. Tento fazer
qualquer piada sobre qualquer assunto em qualquer momento. Esse é meu impulso
como comediante. Como profissional, posso errar nesse objetivo algumas vezes.
Se acha que errar na tentativa de fazer alguém rir é algo tão grave assim,
então quem se julga juíz que julgue e condene. Eu prefiro perder meu tempo
tentando fazer os outros rirem. Se de 10 tentativas eu acertar uma, já fico
feliz. Para mim, é o que importa.
Fonte: Yahoo
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