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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Danilo Gentili: 'não existe assunto proibido'


Danilo Gentili, 32 anos, veste com orgulho a camisa da comédia stand-up. O humorista, que ganha cada vez mais espaço na Band com o talk show "Agora É Tarde", está lançando seu segundo DVD de stand-up e faz questão de lembrar que os comediantes dessa escola, ao contrário de muita gente na TV, não são filhos de pais famosos e nem tiveram de puxar saco para chegar ao sucesso.

"O stand up é o meio onde procuro talentos para trabalhar comigo. Um cara que consegue fazer alguém rir de uma forma tão crua, sem peruca, sem personagem, está apto a trilhar um ótimo caminho", argumenta o artista, que lança o DVD "Danilo Gentili: Volume 1", baseado em seu show "Volume 1", ainda este mês.

Em entrevista exclusiva, Gentili contou que, a partir do próximo ano, não deve mais integrar a trupe do "CQC", para se dedicar exclusivamente ao "Agora É Tarde". Ele falou, ainda, sobre barreiras no humor. "Para mim, não existe assunto proibido. Tento fazer qualquer piada sobre qualquer assunto em qualquer momento", disse.

Você enxerga o "Agora É Tarde" como um fenômeno dentro da Band? Ele será, de fato, um programa diário?
O programa será diário a partir do ano que vem. É quase certo. E eu tenho muitas ideias. Na verdade, até aqui tive de aguentar uma ou outra cagação de regra da produtora. Mas, se você comparar o primeiro programa ao de agora, verá que está bem diferente. Está cada vez mais próximo do que eu imagino ser o ideal. A ideia é melhorar sempre. Um late night bom é aquele que aparentemente é organizado mas, na realidade, é anárquico. Isso faz o público ser fiel, pois ele conhece o programa e, ao mesmo tempo, nunca sabe o que vem pela frente.

Há alguém que você sonha em receber no programa?
Barack Obama está confirmado em breve.

No "CQC", a produção fez uma brincadeira colocando seu nome, em um crédito, como "ex-CQC". Você está saindo até o fim do ano?
Se confirmar que o "Agora É Tarde" vira diário no ano que vem, por mais que ame o "CQC" e tenha um carinho enorme por ele, vou precisar deixar, sim. Quero fazer o "Agora É Tarde" da melhor forma possível e, para isso, tenho de me dedicar 100% como me dediquei ao "CQC".

Quais são seus humoristas preferidos da TV, hoje?
Eu gosto de comediantes americanos. Foram eles a quem cresci assistindo. Eles me faziam rir de verdade nos filmes. Também adorava Mazzaropi. Hoje, admiro meus colegas de stand-up. São comediantes que não são filhos de pai famoso, não puxaram saco ou foram apadrinhados por ninguém. Não fizeram curso de nada. Não têm doutrinas na cabeça. Escreveram seu próprio material, criaram coisas originais, foram a um bar e fizeram o público rir. E, hoje, vivem de comédia. Por isso, esse é o meio onde procuro talentos para trabalhar comigo. Um cara que consegue fazer alguém rir de uma forma tão crua, sem peruca, sem personagem, está apto a trilhar um ótimo caminho no humor.

Você vem da escola do stand up, que vem crescendo de forma estrondosa no Brasil. Acha que o público brasileiro já aceita e entende bem esse tipo de formato?
Sempre abro meu programa com um pouco desse tipo de humor. O "Agora É Tarde" conta com mais três comediantes dessa escola. Trocamos piadas a todo momento, no tom e no estilo do stand-up. A audiência e o share, até agora, têm surpreendido de forma positiva e se mostrado crescente. Acredito que isso é sinal que o publico da TV não apenas aceita e entende esse tipo de humor, como faz questão de consumi-lo.

O stand-up, muitas vezes, é marcado por notícias atuais e de relevância pontual. Como foi feita a seleção de temas para a gravação do novo DVD, um produto atemporal?
Esse DVD é fruto de um longo tempo selecionando, na minha vida cotidiana, o terreno em que sei que todos pisam. Busquei fazer piada com o que é real para mim e para quem me ouve. Não se trata de um show sobre notícias factuais e, sim, sobre a vida cotidiana. Tenho certeza de que todos se identificarão com as situações que descrevo. Não tem nada melhor do que rir da própria desgraça. A ideia é que, da próxima vez que a pessoa estiver presa na fila de um banco ou no trânsito, ela se lembre do que eu disse no show e dê risada. Quando elas assistirem a esse DVD, não será apenas de mim que estarão rindo, mas de todos nós.

Qual é a diferença principal entre o "Volume 1" e o "Politicamente Incorreto", seu primeiro DVD?
Meu primeiro DVD se chama "Politicamente Incorreto" porque é um show sobre política (que no Brasil é feita de forma incorreta). Eu fiz esse show nas vésperas da eleição (em 2010), e ele foi transmitido ao vivo pela Internet. Na ocasião, tivemos mais de 1 milhão de computadores acessando. É um show específico sobre política, campanha eleitoral, figuras do cenário político atual. Fiz piada com tudo isso. Esse novo DVD é sobre cotidiano, vida comum.

Você sempre está de bom humor quando cria piadas?
Eu abordo os assuntos mais variados. Então, já criei piadas nos mais diferentes estados de humor possíveis. Quanto menos eu me limitar, maior minha chance de acertar

Você já teve problemas com algumas brincadeiras no passado. Vale a pena correr riscos para não perder a piada?
Para mim, não existe assunto proibido. Se alguém acha que existe, deve ser bem mais infeliz do que eu. Tento fazer qualquer piada sobre qualquer assunto em qualquer momento. Esse é meu impulso como comediante. Como profissional, posso errar nesse objetivo algumas vezes. Se acha que errar na tentativa de fazer alguém rir é algo tão grave assim, então quem se julga juíz que julgue e condene. Eu prefiro perder meu tempo tentando fazer os outros rirem. Se de 10 tentativas eu acertar uma, já fico feliz. Para mim, é o que importa.

Fonte: Yahoo

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