Atriz que marcou a história da televisão
brasileira, Lucélia Santos entrará em cartaz neste sábado (12) no SESC Belenzinho,
em São Paulo. Ela estreia a peça “Alguém Acaba de Morrer Lá Fora”, em que, pela
primeira vez, é dirigida por Pedro Neschling, seu filho.
“Será a primeira vez que Pedro me dirige e é
o nosso primeiro encontro no teatro. Para mim, é uma grande emoção”, declarou a
atriz de 54 anos, que até hoje é lembrada pela novela “Escrava Isaura” (1976),
exibida em 130 países.
A obra “Alguém Acaba de Morrer Lá Fora”, do
autor Jô Bilac, fala de maneira bem humorada sobre os encontros e acasos da
vida, sorte, destino e lei da atração. Em um café, três estranhos – Claudio
(Ricardo Santos), Laura (Lucélia) e Marcela (Vitória Frate) - aguardam por
pessoas que prometem acabar com seus vazios.
Em entrevista a atriz fala sobre o filho, a
peça, carreira e a possível volta à televisão brasileira.
É a
primeira vez que é dirigida por Pedro, que obviamente tem menos experiência que
você. Como está sendo esse processo?
Geralmente costumo dar opiniões, porque faz
parte do processo criativo. Mas, neste caso, não dei e não pude dar nenhuma. O
Pedro não coloca minha experiência como fator adicional à direção dele, ao
contrário... Não posso dar pitaco, não pega bem (risos).
Como
poderia definir Pedro como diretor? Mudou a forma de observá-lo do início da
carreira para agora?
Pedro é extremamente talentoso e inteligente.
Com o amadurecimento pessoal, vai ser o tal. Ele tem crescido muito como ator,
diretor e escritor. Eu o admiro muito. Mudou bastante a forma que eu o vejo,
pois tenho mais distanciamento crítico agora. Não o vejo mais como a mãe do
Pedro, pra mim ele é Neschling. Agora, o diretor (risos).
“Alguém
Acaba de Morrer Lá Fora” fala sobre a superficialidade das relações humanas.
Acredita que, embora seja uma comédia, a peça desponta como uma grande crítica
social?
Não tem qualquer pretensão inicial de ser uma
crítica, é apenas divertimento. Mas ainda vamos ver como o texto chega ao
público. Interpreto uma mulher misteriosa e voluntariosa, que espera acertar as
contas com alguém que está para chegar. Neste momento, tenho muito forte essa
curiosidade em relação ao meu próprio trabalho como atriz na peça.
Sua
personagem, Laura, tem em comum com os demais personagens “o vazio”. O que pode
falar sobre o assunto?
A visão de vazio de Laura é totalmente
diferente da visão de vazio de Lucélia. O vazio, pra mim, é uma meta, mas não
exatamente no sentido do “sem sentido”. É um esvaziamento da mente mesmo:
meditação.
Você
falou de meditação. Sei que, antes de ser budista, você gravou um filme sobre
budismo. De qual maneira a arte repercute em sua vida?
A arte, particularmente o teatro, é uma caixa
preta em que se revelam as pessoas. O restante são relações sociais que podem
ser mais facilmente dribladas. É melhor que psicoterapia, menos bom que
meditação. Para mim, a arte é um espelho e instrumento de comunicação com o
mundo e os outros.
De qual
maneira o budismo a transformou?
O budismo pra mim foi definitivo. Me ensinou
a observar a vulnerabilidade das nossas crenças por meio da contemplação,
daquilo que não é permanente, da morte ...
Uma
recente pesquisa divulgada pela coluna “Outro Canal”, da Folha de São Paulo,
revelou que seu nome ainda é associado às novelas da Globo. Cogitaram até seu
retorno à emissora. Existe algum interesse da sua parte ou negociação?
Sem dúvidas que sim...
Em
tempos de remake como “O Astro”, gostaria de ver “Escrava Isaura” com uma nova
roupagem?
Gostaria, sim. Quero ver uma Isaura POP
(risos).
Voltando
a falar sobre a peça, quem acaba de morrer lá fora?
Isso é o que veremos... (risos) Ninguém
saberá ou você decidirá.
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