terça-feira, 15 de novembro de 2011

Entrevista - Lucélia Santos


Atriz que marcou a história da televisão brasileira, Lucélia Santos entrará em cartaz neste sábado (12) no SESC Belenzinho, em São Paulo. Ela estreia a peça “Alguém Acaba de Morrer Lá Fora”, em que, pela primeira vez, é dirigida por Pedro Neschling, seu filho.

“Será a primeira vez que Pedro me dirige e é o nosso primeiro encontro no teatro. Para mim, é uma grande emoção”, declarou a atriz de 54 anos, que até hoje é lembrada pela novela “Escrava Isaura” (1976), exibida em 130 países.

A obra “Alguém Acaba de Morrer Lá Fora”, do autor Jô Bilac, fala de maneira bem humorada sobre os encontros e acasos da vida, sorte, destino e lei da atração. Em um café, três estranhos – Claudio (Ricardo Santos), Laura (Lucélia) e Marcela (Vitória Frate) - aguardam por pessoas que prometem acabar com seus vazios.

Em entrevista a atriz fala sobre o filho, a peça, carreira e a possível volta à televisão brasileira.

É a primeira vez que é dirigida por Pedro, que obviamente tem menos experiência que você. Como está sendo esse processo?
Geralmente costumo dar opiniões, porque faz parte do processo criativo. Mas, neste caso, não dei e não pude dar nenhuma. O Pedro não coloca minha experiência como fator adicional à direção dele, ao contrário... Não posso dar pitaco, não pega bem (risos).

Como poderia definir Pedro como diretor? Mudou a forma de observá-lo do início da carreira para agora?
Pedro é extremamente talentoso e inteligente. Com o amadurecimento pessoal, vai ser o tal. Ele tem crescido muito como ator, diretor e escritor. Eu o admiro muito. Mudou bastante a forma que eu o vejo, pois tenho mais distanciamento crítico agora. Não o vejo mais como a mãe do Pedro, pra mim ele é Neschling. Agora, o diretor (risos).

“Alguém Acaba de Morrer Lá Fora” fala sobre a superficialidade das relações humanas. Acredita que, embora seja uma comédia, a peça desponta como uma grande crítica social?
Não tem qualquer pretensão inicial de ser uma crítica, é apenas divertimento. Mas ainda vamos ver como o texto chega ao público. Interpreto uma mulher misteriosa e voluntariosa, que espera acertar as contas com alguém que está para chegar. Neste momento, tenho muito forte essa curiosidade em relação ao meu próprio trabalho como atriz na peça.

Sua personagem, Laura, tem em comum com os demais personagens “o vazio”. O que pode falar sobre o assunto?
A visão de vazio de Laura é totalmente diferente da visão de vazio de Lucélia. O vazio, pra mim, é uma meta, mas não exatamente no sentido do “sem sentido”. É um esvaziamento da mente mesmo: meditação.

Você falou de meditação. Sei que, antes de ser budista, você gravou um filme sobre budismo. De qual maneira a arte repercute em sua vida?
A arte, particularmente o teatro, é uma caixa preta em que se revelam as pessoas. O restante são relações sociais que podem ser mais facilmente dribladas. É melhor que psicoterapia, menos bom que meditação. Para mim, a arte é um espelho e instrumento de comunicação com o mundo e os outros.

De qual maneira o budismo a transformou?
O budismo pra mim foi definitivo. Me ensinou a observar a vulnerabilidade das nossas crenças por meio da contemplação, daquilo que não é permanente, da morte ...

Uma recente pesquisa divulgada pela coluna “Outro Canal”, da Folha de São Paulo, revelou que seu nome ainda é associado às novelas da Globo. Cogitaram até seu retorno à emissora. Existe algum interesse da sua parte ou negociação?
Sem dúvidas que sim...

Em tempos de remake como “O Astro”, gostaria de ver “Escrava Isaura” com uma nova roupagem?
Gostaria, sim. Quero ver uma Isaura POP (risos).

Voltando a falar sobre a peça, quem acaba de morrer lá fora?
Isso é o que veremos... (risos) Ninguém saberá ou você decidirá.

Fonte: Yahoo

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