"Adoro o Jô Suado", revelou Jô
Soares durante o programa "Roda Viva" (Cultura) desta segunda-feira
(7/11). "Mas seria deselegante com a Globo, que estava fazendo reportagem
sobre o lançamento do meu livro, dar entrevista ao 'Pânico' naquela noite.
Tenho o direito de não dar entrevista."
Jô Soares está certo. Obrigar uma pessoa a
falar com outra é coerção. Se há algo com que o humor não pode compactuar é com
o autoritarismo.
No entanto, o "Pânico na TV" tem um
longo histórico de perseguição a famosos. Começou em 2003, quando a dupla Vesgo
(Rodrigo Scarpa) e Ceará (Wellington Muniz) correu atrás de apresentadores e
atrizes para calçar as sandálias da humildade.
Carolina Dieckmann, Clodovil Hernandes,
Daniela Cicarelli, Luana Piovani e Luiza Tomé foram importunados por semanas. A
justificativa do programa: eram todos arrogantes simplesmente por não falarem
com os humoristas. Conveniente, não?
O próprio Jô Soares foi alvo das sandálias da
humildade. Para se livrar de Vesgo e Ceará, acabou calçando um modelo gigante,
inspirado em uma pata de elefante.
Recentemente, o "Pânico na TV"
iniciou uma caçada a Zeca Camargo. Como se já não fosse insuportável o
suficiente ter o programa na cola, Emílio Surita e sua trupe convocaram os
telespectadores para provocar o apresentador do "Fantástico" com
guloseimas, tudo para sabotar os resultados do quadro "Medida Certa".
Saíram de cena os humoristas e entraram em
ação dezenas de amadores inconvenientes, sem noção dos limites de privacidade,
que cercaram o jornalista da Globo em situações pessoais, nas quais ele não era
obrigado a interagir. Para o "Pânico na TV", no entanto, não passou
de arrogância de Zeca Camargo.
Papel de vítima. Essa é a tática do
humorístico da RedeTV!.
Quando Jô Soares decidiu não dar entrevista para
o Carioca (Márvio Lúcio), caracterizado como Jô Suado, o "Pânico na
TV" sacou todas as suas armas. Apontou a arrogância do apresentador.
Alimentou a ira dos fãs, que dispararam xingamentos nas redes sociais (a
hashtag #chupajo ficou entre as mais populares do Twitter). Carioca ficou no
centro do picadeiro, na condição de fã desprezado pelo ídolo.
Evocar a batalha de Davi contra Golias, do
nanico contra o gigante, é especialidade do "Pânico na TV". O
programa aproveita estes tempos de julgamento instantâneo e reações exacerbadas
para demonstrar o quão fácil é manipular a audiência. Alguns depoimentos
emocionados de Carioca e uma edição conveniente bastaram para arregimentar
milhares de telespectadores.
Nesta hora, nunca é demais lembrar uma frase
do próprio Emílio Surita para essa gente que acredita em tudo o que assiste:
"qual a credibilidade do palhaço?"
Fonte: Ale Rocha, do Yahoo
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