sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"Pânico na TV" ataca e depois se faz de vítima


"Adoro o Jô Suado", revelou Jô Soares durante o programa "Roda Viva" (Cultura) desta segunda-feira (7/11). "Mas seria deselegante com a Globo, que estava fazendo reportagem sobre o lançamento do meu livro, dar entrevista ao 'Pânico' naquela noite. Tenho o direito de não dar entrevista."

Jô Soares está certo. Obrigar uma pessoa a falar com outra é coerção. Se há algo com que o humor não pode compactuar é com o autoritarismo.

No entanto, o "Pânico na TV" tem um longo histórico de perseguição a famosos. Começou em 2003, quando a dupla Vesgo (Rodrigo Scarpa) e Ceará (Wellington Muniz) correu atrás de apresentadores e atrizes para calçar as sandálias da humildade.

Carolina Dieckmann, Clodovil Hernandes, Daniela Cicarelli, Luana Piovani e Luiza Tomé foram importunados por semanas. A justificativa do programa: eram todos arrogantes simplesmente por não falarem com os humoristas. Conveniente, não?

O próprio Jô Soares foi alvo das sandálias da humildade. Para se livrar de Vesgo e Ceará, acabou calçando um modelo gigante, inspirado em uma pata de elefante.

Recentemente, o "Pânico na TV" iniciou uma caçada a Zeca Camargo. Como se já não fosse insuportável o suficiente ter o programa na cola, Emílio Surita e sua trupe convocaram os telespectadores para provocar o apresentador do "Fantástico" com guloseimas, tudo para sabotar os resultados do quadro "Medida Certa".

Saíram de cena os humoristas e entraram em ação dezenas de amadores inconvenientes, sem noção dos limites de privacidade, que cercaram o jornalista da Globo em situações pessoais, nas quais ele não era obrigado a interagir. Para o "Pânico na TV", no entanto, não passou de arrogância de Zeca Camargo.

Papel de vítima. Essa é a tática do humorístico da RedeTV!.

Quando Jô Soares decidiu não dar entrevista para o Carioca (Márvio Lúcio), caracterizado como Jô Suado, o "Pânico na TV" sacou todas as suas armas. Apontou a arrogância do apresentador. Alimentou a ira dos fãs, que dispararam xingamentos nas redes sociais (a hashtag #chupajo ficou entre as mais populares do Twitter). Carioca ficou no centro do picadeiro, na condição de fã desprezado pelo ídolo.

Evocar a batalha de Davi contra Golias, do nanico contra o gigante, é especialidade do "Pânico na TV". O programa aproveita estes tempos de julgamento instantâneo e reações exacerbadas para demonstrar o quão fácil é manipular a audiência. Alguns depoimentos emocionados de Carioca e uma edição conveniente bastaram para arregimentar milhares de telespectadores.

Nesta hora, nunca é demais lembrar uma frase do próprio Emílio Surita para essa gente que acredita em tudo o que assiste: "qual a credibilidade do palhaço?"

Fonte: Ale Rocha, do Yahoo

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