Tem gente que passa pela vida de uma pessoa e
simplesmente vai embora. Outras cruzam o caminho e deixam marcas para todo o
sempre. Dercy Gonçalves (Heloísa Périssé) e Valdemar (Cássio Gabus Mendes) se
conheceram num momento delicado da vida da artista. Dercy foi vaiada em sua
primeira apresentação no teatro Boavista, em São Paulo - um dos instantes mais
constrangedores de sua carreira.
Após a tentativa frustrada, na qual entrou em
estado de pânico e não conseguiu cantar, ela foi expulsa e ameaçada de nunca
mais subir num palco paulista novamente. Com o marido enfermo - Pascoal
(Fernando Eiras) estava com tuberculose -, a atriz precisava de recursos para
mantê-lo no sanatório. Isabel de Oliveira (Paula Burlamaqui), atriz do Teatro
de Revista, sugeriu a Dercy que recorresse a uma casa de encontros, onde
conseguiria dinheiro fácil.
Acontece que Dercy, aparentemente descolada,
não sabia nada sobre intimidade de casal. E entre quatro paredes, na companhia
de Valdemar, um senhor para lá de distinto, começou a chorar e confidenciou sua
história. Solidário, ele pagou mesmo sem ter recebido pelo serviço e
acrescentou, dando-lhe mais algumas cédulas: “Isso é para você ir para o Rio.
Se você quer mesmo ser artista, lá é o seu lugar.”
Emocionada com a atitude do cavalheiro, Dercy
avisou Pascoal sobre seus planos e se mudou para a cidade maravilhosa. Anos
mais tarde, já viúva, os dois voltaram a se reencontrar durante uma
apresentação da comediante. Agora era Dercy quem estava doente e precisava se
tratar. Valdemar providenciou para que ela tivesse o melhor tratamento para a
tuberculose e bancou todas as despesas. Como gratidão, Dercy se entregou a esse
amor. O fruto da relação foi a gravidez da sua única filha, Decimar. Apesar de
ser chefe de outra família, ele cuidou para que mãe e filha não ficassem
desamparadas financeiramente até o fim de seus dias. Dercy nunca se esqueceu de
Valdemar, atribuindo a ele o maior presente de todos: a filha que ela nunca
pensou que teria um dia.
Fonte: Rede Globo
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