Por onde quer que se olhe, 2012 foi o ano das
novelas na TV brasileira. Às vésperas do aniversário de 50 anos de “2-5499
Ocupado”, a primeira telenovela exibida de forma diária no país, o gênero segue
se reinventando, dando mostras de vitalidade e sinalizando que ainda possui um
enorme campo a explorar.
Entre grandes sucessos, algumas decepções e
outros tantos fracassos, 2012 foi um ano especial por lembrar que a telenovela
pode mudar e se arriscar por novos caminhos, sem perder a sua essência.
Quatro novelas, em especial, serão lembradas.
“Avenida Brasil” teve tantos méritos que recolocou uma trama na “boca do povo”
como há anos não ocorria. “Cheias de Charme” mostrou um caminho para o gênero
na era da comunicação multimídia. “Máscaras”, encurtada por conta da rejeição
do público, deixou a lição de que há limites a respeitar em um terreno tão
tradicional. E “Carrossel”, por fim, ensinou que uma parcela significativa do
público ainda espera mais do mesmo.
O ano também foi importante por mostrar que
há uma nova geração de autores com talento e capacidade de manter o gênero
vivo. Além de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, responsáveis por “Cheias de
Charme”, a Globo também promoveu a estreia de João Ximenes Braga e Claudia
Lage, que assinam em dupla “Lado a Lado”.
Entre os pontos positivos de 2012, destacaria
ainda “Rei Davi”, minissérie em 30 capítulos exibida pela Record, que consolida
a experiência da emissora em séries de sabor bíblico.
A seguir um Top 10 da dramaturgia na
televisão em 2012:
Avenida
Brasil:
João Emanuel Carneiro seduziu o público com uma história clássica de vingança,
uma vilã carismática (Carminha, vivida por Adriana Esteves), direção ágil,
texto afiado, ritmo de seriado e ótimo elenco. Foi o maior sucesso do ano,
ainda que a audiência tenha sido quase idêntica à da novela anterior (“Fina
Estampa”, de Aguinaldo Silva). Vale ressaltar que “Avenida Brasil” foi castigada
pela propaganda política obrigatória. A análise dos números mostra claramente
que, não fosse o horário eleitoral, seguramente a novela teria superado a marca
dos 40 pontos de média.
Cheias
de Charme:
Comédia em ritmo de fantasia, com a melhor vilã dos últimos tempos, a cantora
brega Chayene (Claudia Abreu), a novela enfrentou de forma inteligente e
divertida um tema espinhoso, o conflito entre patroas e empregadas domésticas.
Também foi hábil em misturar música e internet com televisão.
Carrossel: Com esta novela
simples, muitas vezes primária, protagonizada por crianças para crianças, o SBT
provocou pequena revolução na guerra pela audiência. A mensagem é clara: há não
apenas público, mas mercado interessado num tipo de programação mais simples, sem
o mesmo acabamento oferecido pela concorrência.
Máscaras: Principal aposta da
Record em matéria de teledramaturgia, a novela de Lauro Cesar Muniz não agradou
ao público. Trama policial intrincada, com toques políticos, a novela enfrentou
inúmeras mudanças de horário, troca de direção e, por fim, teve seu final
antecipado em três meses.
Gabriela e Guerra dos Sexos: A Globo fez duas
apostas em “remakes” em 2012, ambas decepcionantes. No horário das 23h, coube a
Walcyr Carrasco a tarefa de reviver a história de Jorge Amado, sem conseguir
empolgar. No horário das 19h, Silvio de Abreu reescreveu a própria comédia, o
que resultou numa piada sem graça.
Amor
Eterno Amor:
Não é a primeira vez que Elizabeth Jhin escreve uma novela inspirada em temas
místicos e religiosos. Mas esta novela das 18h da Globo foi talvez a que mais
misturou e fez propaganda de assuntos ligados à fé. Não foi um sucesso, pode-se
dizer que deu pro gasto. Provavelmente será a última da autora a abordar esta
temática.
Rei
Davi:
Terceira minissérie bíblica da Record, depois de “A História de Ester” e
“Sansão e Dalila”, superou as expectativas em matéria de audiência misturando
lições religiosas com requintes de superprodução. O sucesso assegurou a
encomenda, para 2013, de “José – De escravo a governador”.
Salve
Jorge:
Com a difícil tarefa de suceder “Avenida Brasil”, a trama de Gloria Perez
propõe, como outras novelas da autora, uma viagem a mundos exóticos (no caso a
Turquia) e a discussão de temas de interesse jornalístico, como o tráfico
internacional de pessoas. A sua luta por audiência será o tema nestes próximos
meses. Até o momento a novela amarga uma das piores médias no horário.
Lado a
Lado:
Ambientada nos primeiros anos do século 20, a atual novela das 18h da Globo é
uma joia rara. O pano de fundo histórico serve para apresentar a luta por
liberdade de alguns personagens em um ambiente conservador, em que as
aparências são mais importantes do que os sentimentos. A novela não é um
sucesso de público, mas tem arrancado elogios da crítica. A experiência mostra
que nem sempre qualidade e audiência andam juntas.
Malhação: A novela adolescente
da Globo passou por uma recauchutagem e voltou, em sua nova temporada, ao seu
eixo tradicional, temperando os namoros e dramas dos jovens com praia, sol,
malandragem, rock'n'roll e aquela cara de zona sul do Rio.
Com as principais emissoras investindo pesado
em dramaturgia, e as pequenas fazendo planos, é de se prever que 2013 será um
ano ainda mais rico em opções para os novelistas de plantão.
Com informações do UOL
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