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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Piadas sobre Tatuapé desagradam telespectadores


"Eu já fiz o meu 'upgrade'. Só vou sair do Tatuapé para morar no Jardim América." A frase do estilista Jacques Leclair (Alexandre Borges), dita para o rival Ariclenes (Murilo Benicio), apareceu num dos capítulo de "Ti Ti Ti".

Na ocasião, os dois personagens se cruzaram no Belenzinho, bairro da zona leste onde cresceram.

Ariclenes continua lá, mas Jacques mudou-se e montou até um luxuoso ateliê no Jardim Anália Franco, para ele, a "cereja" do Tatuapé.

Num horário acima, na trama das oito, "Passione", a perua Clô (Irene Ravache) está na segunda fase do seu "upgrade", em direção aos incensados Jardins.

Clô já foi secretária, hoje é dondoca. Já foi pobre, não viu graça. Mais do que seu nome, Clotilde, só odeia uma coisa: o bairro onde mora.

Oficialmente, na Globo, ninguém diz que essa personagem mora no Tatuapé. Porém, como muitas cenas de Clô foram gravadas no bairro, os telespectadores chegaram a essa conclusão.

Em blogs e no Orkut, sobram comentários de gente ofendida com a trama. "Será que a Globo só mostra as coisas bonitas do Rio?", escreveu uma. "Se fosse nos Jardins, seria de outro jeito", diz outro comentário.

Entre os moradores, as críticas são mais espertas. "É errado ela falar assim do Tatuapé. E não tem ninguém cafona como ela aqui", diz o estudante Rafael Conejero, 18.

À Folha, o autor, Silvio de Abreu, tenta desfazer os enganos: "Nunca informei qual é o bairro da Clô porque ela só vê defeitos e eu não quero ofender o Tatuapé nem qualquer outro bairro".

Já em "Ti Ti Ti", o ateliê de Leclair no Tatuapé está atraindo as patricinhas e ricas dos Jardins. E foi das lojas do shopping Anália Franco que saíram as roupas que farão o sucesso de Ariclenes, quando ele se transformar no estilista Victor Valentim (leia mais abaixo).

"O Anália Franco é como um Morumbizinho. Não gosto quando a Clô de 'Passione' faz as brincadeiras dela, mas não acho que gere preconceito. Em 'Ti Ti Ti', por exemplo, falam bem daqui", pondera Lurdes Valadares, 60, que sempre morou no bairro.

É LUXO

A prosperidade do bairro que aparece nas telas reflete um grande crescimento do mercado de moda por ali.

Muito além do shopping, lojas e multimarcas de luxo, não param de abrir --muitas delas, comandadas pelos filhos dos primeiros investidores da região.

"Aqui prevalece o comércio de família, os empresários se ajudam", afirma a designer de bolsas Fernanda Gregorin, 26, dona da butique que leva seu nome.

Representante da nova geração de patricinhas do Tatuapé, Fernanda não liga para os rótulos e admite que, como Clô, gosta mesmo é de brilhar. "Além de designer, sou socialite", declara.

Fonte: Folha Ilustrada

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