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quinta-feira, 31 de março de 2011

BBB12 precisa mudar para não acabar no paredão


Com excelente noção de “timing”, a Globo anunciou, poucas horas antes da final do BBB11, que as inscrições para a décima segunda edição começam no próximo dia 15. Resta saber se a emissora entendeu os sinais enviados pelo público nos últimos 80 dias.

Mais do que a vitória de Maria, o programa será lembrado como aquele que alcançou a menor audiência e o maior faturamento da série. É um fenômeno que tem várias explicações e sugere algumas especulações.

A queda no Ibope, da ordem de 20% em relação ao ano anterior, tem quatro razões óbvias.

Elenco clonado: O desafio de renovar alguns ingredientes numa receita de sucesso fracassou redondamente. O choque causado pela presença de uma transexual durou poucos dias. Os demais participantes, todos, se pareciam com tipos que já haviam participado de outras edições do programa.

Rotina: Depois de dez anos, o excesso de conhecimento geral sobre o BBB dificulta cada vez mais a produção. Como surpreender os candidatos? Paula, por exemplo, narrou o jogo em voz alta, diariamente, prevendo cada passo do reality para os colegas de confinamento e para o público.

Improvisação: Para uma equipe com a experiência adquirida ao longo de dez anos, foi surpreendente a quantidade de erros técnicos, provas mal elaboradas e improvisações feitas no programa. Além do incômodo causado, esses problemas alimentam a suspeita do público sobre a idoneidade do reality.

Falta de transparência: Por motivos mal esclarecidos, a direção do programa alterou a forma de registrar os votos nos paredões. Segundo informação de um blog, para evitar “fraudes”. Depois dos números astronômicos no BBB10 (chegou a 150 milhões na final), Bial parou de falar o número de votos em cada paredão. Abriu uma exceção na final, para anunciar 51 milhões de votos, um terço do ano anterior.

Uma quinta razão, ainda a ser medida, seria o papel da internet, possibilitando uma migração de parte do público. Os poucos números disponíveis sugerem que houve explosão de audiência nesta mídia, causada pelo BBB11.

Esses fatores, e outros, ajudam a explicar a curva descendente, sem freios, do programa. De uma audiência média de 47,5 pontos no BBB5, o Ibope vem caindo ano a ano, alcançando média de 30,7 na décima edição e, sem contar os últimos dois dias, 24,6 no BBB11.

Como se vê, não é um fenômeno recente. Ainda assim, o faturamento com publicidade não deixou de crescer. O recorde batido em 2010 foi novamente superado este ano. Segundo a coluna “Outro Canal”, da “Folha”, o BBB11 ultrapassou a marca de 20 produtos anunciados em merchandisings dentro da casa e bateu o faturamento da décima edição, chegando aos R$ 380 milhões .  

O anúncio sobre as inscrições abertas para o BBB12 é um sinal tranquilizador da emissora enviado ao público e ao mercado. Significa que mal um avião aterrissou, outro já se prepara para levantar voo.

Também buscou o mesmo efeito o discurso de Pedro Bial, na noite de encerramento, procurando reforçar a ideia de que o programa tem contribuído para a discussão de tabus e preconceitos.

Ainda vai levar algum tempo para se medir os impactos deste cabo de guerra entre publicidade em alta e a audiência em queda. Levantamento de uma consultoria em mídias digitais, divulgado pela “Folha” mostra que os cinco principais patrocinadores obtiveram uma repercussão muito baixa nas mídias sociais.

Fato é que, independentemente das avaliações individuais (“foi o melhor BBB da história”, “foi o pior”), o programa que já deu tanta alegria e tanto lucro à Globo recebeu um duro recado do público este ano. Veremos se a emissora o ouviu e saberá como responder a ele.

Fonte: Mauricio Stycer, do UOL

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