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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Record criou patrulha para falar bem do Pan


Durante quase duas semanas, a Record tentou montar uma patrulha de estagiários em jornalismo para agir e postar, nas redes sociais, comentários elogiosos à cobertura da emissora nos Jogos Pan-Americanos, em Guadalajara. O objetivo da tropa era contra-atacar as críticas que há desde o início da transmissão, a respeito do tom "ufanista" de gente como Maurício Torres e Fernando Scherer, entre outras coisas.

O problema começou após as primeiras aulas dos estagiários. A princípio elas discorriam sobre como responder a ataques, críticas, que tipo de tom e argumentos utilizar nas redes sociais, nos blogs (e, claro, sem dar bandeira de que é uma ação orquestrada). Também havia informações sobre os principais colunistas, blogueiros e sites a serem seguidos, curtidos, monitorados, respondidos etc e tal.

O milagre da multiplicação de posts - Até aí pode-se dizer que havia até empolgação entre a nova equipe. Ora, o que tem de errado em defender empresa que eu trabalho, se ela me paga justamente para isso?, certamente pensaram. Então veio a "aula magna" de despedida, na qual todos foram informados que deveriam imediatamente a criar perfis falsos no Facebook, Twitter, Orkut, além de e-mails falsos. O alerta da indignação soou imediatamente junto aos futuros jornalistas. Tipo: “Peralá, minha gente, perfil falso também?”

Provas documentais - O F5 obteve com exclusividade cópias de e-mails e diálogos entre os estagiários, seus parentes e funcionários da emissora, nos dias seguintes à ordem de criação de perfis falsos. O conteúdo demonstra revolta e assombro diante da tática escolhida.

Mas, e por que mais abortou-se a operação? - Em primeiro lugar, como o trecho da mensagem acima diz, porque achava-se que a operação havia vazado (como vazou, caso contrário você não estaria lendo isso aqui. Achou-se melhor não levar adiante. Em segundo lugar porque, ainda ontem, a emissora recebera ótimos dados sobre o Pan: seu ibope disparou no país e na Grande São Paulo após o início dos jogos. Ou seja, não havia mais necessidade de "patrulha" alguma.

A 'patrolagem' - A tática de criar patrulhas e leitores falsos não é inédita e tampouco exclusividade da Record. Essa estratégia já é usada hoje por empresas, marcas, produtos específicos e até pelo governo federal, de forma descarada e, obviamente, com fins políticos.

Outro lado - A Record informa que mantém junto ao seu Departamento de Internet um grupo de trabalho responsável por fortalecer e divulgar a marca da emissora e de seus produtos nas mídias sociais - prática legítima e comum executada por grandes corporações em todo mundo. A Record, obviamente, não endossa ações antiéticas e vai apurar internamente se houve algum tipo de desvio de conduta.

Fonte: F5

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