Tiago Santiago já havia escrito a cena do
segundo beijo entre as personagens Marina e Marcela quando foi avisado pelo SBT
que não deveria mais insistir no assunto. Em entrevista ao blog, ele conta que
achou “bom” ver a cena na internet, “para aqueles que têm muita vontade de
vê-la.”
O autor de “Amor e Revolução” está otimista
quanto ao desempenho da novela nesta reta final. Prevê que a audiência deve
aumentar com o fim de “A Fazenda” e “O Astro”, concorrentes diretos. Santiago
também conta que escreveu 30 capítulos a mais do que programado, o que permite
dizer que a novela pode se estender até 2012, se o SBT quiser. Leia a seguir a
entrevista.
Por que
“Amor e Revolução” foi a novela mais difícil de sua vida, como você escreveu
hoje (28/9) no Twitter?
Foi a novela mais difícil por vários motivos.
Primeiro, porque foram dois trabalhos simultâneos: pesquisar e escrever;
segundo, porque escrevi o equivalente a nove capítulos por semana, para cumprir
o cronograma de entrega de capítulos, até o começo de agosto, quando terminei;
terceiro, porque o resultado da audiência foi abaixo do esperado, apesar da
qualidade alcançada.
O SBT
informou, em julho, que uma pesquisa mostrou a rejeição do público a cenas de
violência e a “beijo gay explícito”. Por que você escreveu novamente uma cena
com beijo entre duas mulheres?
A cena já estava escrita na época em que
houve a decisão de não exibir mais beijos homossexuais.
Como
você viu o fato de a parte final da cena ter sido cortada, incluída no site da
novela e depois também retirada de lá?
Vi com muito interesse esses desdobramentos
da questão, e achei bom que a parte final da cena tenha sido disponibilizada na
rede para aqueles que têm muita vontade de vê-la.
Você e
o SBT tinham uma expectativa de audiência em relação à novela que não se
realizou.
Você acha possível o Ibope da novela
subir ainda? Por quê?
Sim. Acho possível e até provável que o Ibope
da novela suba, tanto que apostei meu nome. Vai terminar a “Fazenda 4”, depois
vai terminar “O Astro”, que são concorrentes fortes no horário da novela. A
tendência de todas as novelas é dar uma subida no fim. E ainda temos alguns
meses de exibição antes da novela acabar.
Quando
termina “Amor e Revolução”?
Isso vai depender do ritmo da edição dos
capítulos. Prefiro que o Departamento de Comunicação do SBT responda
diretamente a esta questão. O que posso lhe adiantar é que escrevi o
equivalente a 210 capítulos, 30 a mais do que a previsão inicial de 180.
O que
você pode adiantar sobre os próximos passos da novela?
Estamos no ar com a novela em março de 1968,
a morte do Edson Luis, o confronto dos estudantes com a repressão da ditadura.
Temos bons trunfos para esta fase final. 1968 foi um ano cheio de emoções no
Brasil. A história é mais viva na memória do brasileiro a partir desta data.
Vamos ter explosão no quartel, assalto a banco, sequestro de militar, a guerrilha
urbana a todo vapor, a passeata dos 100 mil, invasão e espancamento no Teatro.
Na trama, o mistério de Violeta/Olivia vai ser revelado para todos no
julgamento de Filinto pelo tribunal revolucionário. Em seguida, vamos ter o
casamento de José e Miriam, uma sequência de cenas antológicas com mais um
enlace desfeito à beira do altar; o AI-5; a ida de José para a guerrilha,
deixando o Exército, logo após o AI-5, em dezembro de 68; e em 1969, vamos ter
o sequestro do embaixador americano, entre outras cenas de forte emoção. A
curva dramática cresce em intensidade, na fase final.
A
novela vai até que período?
Vamos até 1970, com o cerco ao Vale da
Ribeira, a repressão forte que se abateu sobre a guerrilha, ao mesmo tempo que
o Brasil vibrava com o tricampeonato na Copa; e depois cortamos para epílogo,
no último capítulo, em 1984, com as Diretas Já, o povo na praça, representando
a queda da ditadura. Apesar da audiência abaixo do esperado, até agora, “Amor e
Revolução” é um trabalho do qual vou me orgulhar pelo resto da minha vida.
Fonte: Mauricio Stycer, do UOL
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