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sábado, 24 de dezembro de 2011

As piores atrações da televisão em 2011


Ao longo do ano, fiquei tempo demais diante da televisão e abusei da paciência do leitor com muitos textos sobre o assunto. Ao olhar para trás, no esforço de fazer um balanço, noto que vi mais coisas ruins do que boas, mas também tive muitas surpresas. Apresento, então, um resumo de 2011 em três partes – os melhores, os inesperados e os piores do ano. Como sempre, terei o maior prazer em acolher os comentários e observações dos leitores, apontando as injustiças das minhas listas e me lembrando do que esqueci. Aqui está a primeira parte do meu Top 20 com os piores do ano:

1. Insensato Coração: A novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares foi, para mim, a decepção do ano. Deslocada no tempo, a trama chegou a dar a impressão de ser uma homenagem a “Vale Tudo”, mas era falta de imaginação mesmo. Personagens mal construídos e vilões “psicopatas”, agindo sem motivo algum, deram o tom. Na pressa de terminar uma novela mal dirigida, o último capítulo exibiu uma série grave de erros.

2. Amor e Revolução: Campeão de reprises de novelas mexicanas, o SBT investiu em 2011 numa produção que prometia muito, ambientada nos tempos da ditadura militar brasileira, mas deu tudo errado. Filha de Silvio Santos e diretora-geral da emissora, Daniela Beyruti chamou a novela de “Love and Reveolution”. Uma cena ousada, de um beijo gay entre duas mulheres, foi ao ar, mas depois o SBT vetou a continuação da trama. Houve problemas de produção de sobra e pouco público para testemunhar o insucesso.

3. Domingo Espetacular: Uma reportagem agressiva de 39 minutos, sobre um fenômeno religioso encontrado em diferentes práticas neopentecostais, que o programa dominical da Record ironizou chamando de “cai-cai”, foi o momento mais baixo do jornalismo da emissora em 2011. As inúmeras mudanças de horário na grade, iniciadas em julho, levaram o “Jornal da Record”, o principal da emissora, a perder audiência e ficar atrás do SBT em alguns momentos.

4. Pânico: Num ano para esquecer, o humorístico foi vítima de uma “pegadinha” e fez publicidade gratuita para uma cerveja concorrente da marca que patrocina o programa. “As Tchecas” não foram o único vacilo do principal programa da RedeTV!. Numa ação que teve péssima repercussão, dois participantes invadiram o funeral da cantora Amy Winehouse. Em outra, que também pegou mal, o “Pânico” contou o final do livro de Jô Soares simplesmente porque ele não quis dar entrevista para o personagem Jô Suado, que o imita.

5. CQC: Ano ruim também para “o programa da família brasileira” exibido pela Band. O sinal de alerta veio logo na estreia, num show de bajulação ao ex-jogador Ronaldo. Prosseguiu com o veto das críticas feitas por Jorge Kajuru a Ricardo Teixeira. E chegou ao ápice com o afastamento de Rafinha Bastos por causa de uma piada e as críticas publicas de Marco Luque e Marcelo Tas ao colega de bancada.

6. João Sorrisão: Uma ideia aparentemente ingênua resultou em uma das cretinices do ano. O programa “Esporte Espetacular”, da Globo, convidou os jogadores da Série A a imitarem o jeito de balançar de um “João Bobo” na hora do gol – para os lados, para frente e para trás. Ao se dar conta do desastre e encerrar a promoção, a emissora pediu “criatividade” aos jogadores na hora de festejar. Enquanto durou, ao longo de dois meses, foram 66 os contemplados com uma réplica do “João Sorrisão” – 66 gols comemorados de forma idêntica.

7. Jogos Pan-Americanos: O investimento feito pela Record para a cobertura exclusiva do Pan em Guadalajara não foi suficiente para evitar a série de problemas e tropeços surgidos durante o evento. Excesso de ufanismo dos narradores, insistência no marketing da “câmera exclusiva”, transmissões anunciadas como “ao vivo”, mas exibidas depois, estão entre as muitas reclamações. Um dos poucos pontos positivos, a participação de Romário como comentarista de futebol, foi frustrada pelo fracasso da seleção brasileira no México.

8. Anderson Silva: Nada mais sintomático da falta de criatividade e imaginação da televisão brasileira do que a overdose de aparições do lutador em uma série infindável de atrações ao longo do ano. Anderson Silva foi convidado de honra de treze programas de televisão, de cinco emissoras diferentes. Não bastasse, ainda atuou em uma novela, dançou num clipe de Marisa Monte e foi mascote do Corinthians.

9. Faustão: Num dos momentos mais terríveis da televisão em 2011, o rei dos domingos na Globo falou, durante 27 minutos, sobre chulé, frieiras, unha encravada, calosidades e outras doenças no pé. A aula sobre o assunto teve direito à exibição de fotos horrendas, com closes em todo o tipo de deformação. A certa altura, diante de um dedo com um calo horroroso, o apresentador disse que a imagem o lembrava de um doce, um “beijinho”, e pediu para ver novamente.  “Ô louco!”, gritou.

10. Rock in Rio: O Multishow merece o crédito por ter exibido os principais shows do evento. Também mandou muito bem com uma câmera colocada estrategicamente na entrada dos bastidores, onde captou bons momentos do festival. Mas a emissora não se preparou à altura para a longa cobertura e deixou as suas duas apresentadoras, Didi Wagner e Luisa Micheletti, em situação constrangedora. Foi um show de erros, no qual a duas ex-VJs da MTV contaram com a ajuda inestimável do músico Beto Lee.

Fonte: Mauricio Stycer, do UOL

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