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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Boni aponta os novos caminhos das séries, novelas e da TV


José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, 78, que foi diretor-geral da Globo por mais de 30 anos, adora séries. Acha, também, que a TV norte-americana é a melhor do mundo.

"Tenho uma porção de séries favoritas. Adoro 'Breaking Bad' e sou apaixonado por 'House'. Eu sou o House", afirmou à Folha, após participar do Festival do CCSP (Clube de Criação de São Paulo), na noite de sábado.

Em conversa com o publicitário Washington Olivetto no festival, Boni disse que a greve dos roteiristas norte-americanos entre 2007 e 2008 foi muito positiva porque levou gente nova, de outros meios, à televisão. "Lá, o besteirol deu lugar a uma coisa mais séria. A vida inteligente entrou na TV americana."

Ao avaliar a TV europeia, afirmou que a produção inglesa é "correta" e a francesa, "chata porque é muito politizada". "Para os espanhóis, tudo é brincadeirinha. Os italianos, aquele troço chato. Só sabem brincar. O Silvio Santos lá seria um gênio."

Boni acredita que o Brasil não usa bem o formato de seriado por preferir a comédia de situação e que o custo da produção no país é outro responsável pelo atraso.

"O Brasil tem condições de fazer, e já tivemos coisas de alto nível aqui. Eu acho que 'Malu Mulher' era algo desse nível, por exemplo. Mas a produção no Brasil é muito cara, não se adaptou a uma maneira moderna de produzir, mais eficiente e econômica. Ainda precisa se adaptar a novos padrões."

Para Boni, é preciso mais inventividade não só no conteúdo mas também na busca de formatos. "A novela ainda é tratada como uma arma de conquista de audiência. Ela tem 55 minutos para brigar com um concorrente que não é tão concorrente assim. Esticam a novela, mas não deveria ser assim."

O sucesso da novela é relativo, diz ele, porque o formato não traz novidade. "São coisas apelativas, falta consistência." Questionado sobre a TV dos seus sonhos, respondeu: "[É quando] eu estou dormindo."

CONTEÚDO - Novelas e séries, afirma Boni, serão dominados pelos serviços sob demanda, como Netflix e Now, e há "milhões" de formatos a explorar. "A produção de conteúdo superará qualquer tipo de distribuição. Quem produzir com qualidade e responsabilidade estará no mercado", diz.

Para fazer frente à concorrência sob demanda, a TV deve investir na cobertura ao vivo de eventos e de temas regionais, opina Boni, que comanda a TV Vanguarda, retransmissora da Globo na região de São José dos Campos.

"[A TV] tem que criar novos eventos, tem que ir para a rua e usar mais a cidade. A televisão tem que se tornar um pouco mais local", disse o empresário. "Esse modelo que está aí tem que ser alterado. A televisão tem que andar à frente da internet."

SEM GRINGO - No próximo Carnaval, Boni será enredo do desfile da Beija Flor. Em vez de narrar sua biografia, a escola vai contar a história da comunicação, diz ele, que afirma ter pedido à direção que os destaques sejam ocupados por pessoas da comunidade.

"Não vai ter ator da Globo lá. Se tiver, vai ser interpretando algum papel. E não vai ter gringo também. Só a comunidade."

Fonte: Folha

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