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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O que deu errado em "Além do Horizonte"?


A atual pedra no sapato da Globo atende pelo nome de "Além do Horizonte". A novela das sete estreou há um mês e chegou a marcar apenas 14,6 pontos na última quarta-feira (04/12), segundo dados consolidados do Ibope. Audiência extremamente preocupante para a maior emissora do País.

Até o momento, a média geral é de 19,5 pontos - o esperado para o horário gira em torno dos 30 (cada vez mais difíceis de atingir, após o fenômeno "Cheias de Charme", em 2012). Parodiando o título da trama de estreia de Carlos Gregório e Marcos Bernstein como titulares, "Além do Horizonte" podem existir várias coisas, menos o sucesso. Pelo menos por enquanto.

A trama aposta no mistério, mas para explicar a rejeição do público não tem muito segredo. Não que experimentações não sejam bem-vindas na faixa das 19h00, mas ficou provado que, na maioria dos casos, o público do horário não aprova muito o que foge da mistura de romance e comédia. Basta lembrar de "Tempos Modernos" (2010), "Bang Bang" (2005/06) e "Olho no Olho" (1993/94), só pra citar alguns exemplos.

Não é de hoje que a emissora vem tentando rejuvenescer a audiência do horário. Foi feliz com a antecessora "Sangue Bom", que apostou - inclusive - num time de jovens protagonistas (Marcos Pigossi, Sophie Charlotte, Fernanda Vasconcelos, Jayme Matarazzo, Isabelle Drummond e Humberto Carrão).

"Além do Horizonte" também investe em novos talentos, mas os diretores não deram a mesma sorte na escalação dos protagonistas. Juliana Paiva, a Lili, é um acerto, mas os demais não têm força para "puxar" um elenco.


Rodrigo Simas e Christiana Ubach não geram empatia nos papéis de Marlon e Paulinha, respectivamente. O jovem Vinícius Tardio (Rafa) tampouco disse a que veio. Sem contar que as cenas do rapaz com Cássio Gabus Mendes (Jorge) costumam ser sombrias e distantes.

Nessa mistura de "Malhação" com "Lost", a coisa está tão perdida e o ar tão nebuloso que o telespectador não consegue identificar quem é quem ou entender a história. Com muitos nomes desconhecidos do grande público, também fica difícil gerar identificação.

Se a falta de entrosamento salta aos olhos diante da atuação de alguns, a proposta inicial é o grande empecilho. O desaparecimento de pessoas que partiram em busca da felicidade, deixando pistas para que seus familiares explorem um mundo novo, se mostrou uma grande "viagem" (e com cara de cópia).

Para piorar, a história vem sendo contada com muitos códigos e o telespectador - sempre digo - gosta de ser cúmplice, nem que seja o mínimo. Não dá pra assimilar a proposta direito: das razões dos desaparecidos às motivações dos que querem encontrá-los.

Sem esquecer do mistério da "Besta" na fictícia Tapiré, na região amazônica, e o que está por trás do personagem Kleber (Marcello Novaes), até aqui pouco empolgante. Outro alerta: algumas caracterizações estão equivocadas e atores com interpretações arrastadas.

Isso denota falha no "casamento" entre ideia (que talvez funcionasse numa minissérie) e concepção. Ainda que os autores tenham potencial, passa longe o clima de aventura que imaginaram desenvolver. A direção geral de Gustavo Fernandez tem pontos positivos capazes de reverter isso.


Embora não contem com nenhum figurão à frente do elenco adulto (o que atrai público), os autores falharam em não destacar os atores que tinham em mãos desde o início: Antonio Calloni (LC); Alexandre Nero (Hermes); Maria Luísa Mendonça (Inês); Sheron Menezes (Keila); e Caco Ciocler (André). Outros, que poderiam funcionar como chamarizes (mas mal vimos nem nas chamadas de estreia da novela), demoraram para entrar em cena. Claudia Jimenez (Zélia) é um exemplo. E onde está a grande vilã de Carolina Ferraz? Sua personagem, Tereza, precisa de mais apelo.

Do jeito que as coisas vão, a saída será antecipar a solução dos mistérios e começar uma nova história, provando que a felicidade pode não morar tão longe. O romance entre William (Thiago Rodrigues) e Lili tem tudo para decolar, mas o contraponto - Marcelo (Igor Angelkorte) - não convence. Apostar na dobradinha Flávia Alessandra (Heloísa) e Thomaz (Alexandre Borges), os colocando na linha de frente, é uma tendência.

Mas há gente boa que ainda pode render em cena. O pequeno Nilson (JP Rufino) é um achado. Laila Zaid (Priscila) e Rômulo Estrela (Álvaro), que estavam na Record, merecem ser melhor explorados. As investidas românticas mal sucedidas de Julia (Marcella Valente) podem gerar empatia, se ganharem destaque.

Em Tapiré, a atmosfera sinistra e os crimes que assustam o vilarejo podem dar lugar à comédia, focada nas relações entre os moradores. Os gêmeos João José (Diego Homci) e José João (Tiago Homci) seriam boas opções nesse sentido. A Celina, de Mariana Rios, já tem um perfil de heroína e a relação dela com Kleber pede novos conflitos, ganhando assim outros contornos.

Enfim, personagens pedem novas tramas e a trama pede leveza. E, claro, ritmo!

Fonte: Yahoo

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