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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Duca Rachid, uma joia de autora


Seu amor pela teledramaturgia nasceu em São Miguel Paulista, bairro da zona leste de São Paulo, distante cerca de 28 km do marco zero da Praça da Sé. Foi na casa dos pais que, aos 15 anos, Duca Rachid acompanhou a novela Gabriela, adaptada por Walter George Dürst. O ano era 1975. "Eu já tinha lido o romance do Jorge Amado e ao ver a adaptação, isto é, a história originalmente contada com palavras, ganhar imagens, sons, interpretações, decidi que era aquilo que eu queria fazer. Embora na época não soubesse exatamente o que era aquilo", ela recorda, achando graça. A garota seguiu devorando livros, vendo filmes, escrevendo versos de adolescente e, é lógico, assistindo a todas as telenovelas que podia. Ela conta: "Meus pais desejavam que eu fizesse medicina, mas sabiamente optei pela faculdade de Jornalismo, porque eu queria estar próxima da escrita. Não exatamente para trabalhar numa redação de jornal, mas para escrever histórias para TV". É evidente que o caminho para se tornar uma novelista não era, e ainda não é, um processo fácil ou linear. Ao contrário, a estrada é tortuosa, ardilosa e até desanimadora. É preciso querer muito. Abrir mão de certezas e arriscar.

Hoje, quando assediada por jovens que desejam se tornar roteiristas de novelas, a autora dá sempre o mesmo conselho: "Você tem que adorar o gênero. Se envolver com as tramas. Além de gostar de ler, escrever, ver filmes. Você também precisará ter fôlego físico e disposição para trabalhar muito e se preparar mentalmente para ouvir um caminhão de críticas. De forma prática, faça oficinas, cursos, workshops. Conheça pessoas do ramo. E, principalmente, persevere até encontrar sua chance". No início dos anos 1990, percebendo uma abertura para novos talentos na televisão portuguesa, Duca Rachid atravessou o oceano e foi tentar a sorte em Lisboa. Conseguiu escrever um programa infantil e fez contatos preciosos. Sua primeira novela - escrita em parceria com Patrícia Melo, foi A Banqueira do Povo. A trama teve a direção geral do mestre brasileiro Walter Avancini. Foi também em Portugal que Duca estreitou seu relacionamento com o também brasileiro e designer gráfico Pedro Lucente, seu companheiro até hoje. Os dois são pais de Marina. "Minha filha tem 15 anos e assiste com gosto às minhas novelas. Ela analisa, dá palpites e sugere músicas para a trilha sonora", diz a mãe orgulhosa.


Quando voltou ao Brasil, Duca continuou estudando muito e farejando qualquer oportunidade. Abria uma portinha, ela entrava correndo. Nunca parou de observar como os autores bordavam suas tramas. Até que, com Marcos Lazarini, emplacou outra adaptação de Jorge Amado. Emprestou sua pena à Tocaia Grande, na extinta Rede Manchete. Depois no SBT, foi a vez de Os Ossos do Barão. Em 2000, ela entrou para a Rede Globo - a Hollywood da teledramaturgia brasileira. Ora como colaboradora, ora como autora principal, assinou O Cravo e a Rosa, A Padroeira, Coração de Estudante, O Profeta, Cama de Gato, até chegar no momento maduro com o sucesso de Cordel Encantado, em 2011". A primeira ideia do Cordel Encantado foi a de uma princesa raptada por cangaceiros. A partir daí eu e a Thelma Guedes fomos buscando analogias entre a nobreza europeia e a do sertão. Pronto, chegamos num enredo de literatura de cordel, novelesco e encantado", Duca conta. Sobre a parceria com Thelma, nascida na novela O Profeta, ela esclarece: "O que mais funciona entre nós é a cumplicidade que desenvolvemos. Como num jogo de vôlei, uma levanta a bola e a outra corta. Também combinamos que não existe ideia ruim. Jogamos tudo na roda e uma aperfeiçoa a ideia da outra".

Atualmente Duca Rachid e Thelma Guedes estão no ar com a novela Joia Rara. A trama é movimentada e variada. Tem os pares românticos, heróis, vilões, uma menina iluminada, budismo, movimento operário e imagens de um antigo Rio de Janeiro. Além disso, há uma trilha sonora primorosa.

Duca acredita que novelas unem entretenimento a conhecimento e que é possível divertir e ensinar ao mesmo tempo. Tudo com a chave da emoção, é claro. Para conseguir isso, ela trabalha duro: "Uma média de dez a treze horas por dia", contabiliza. E não tem o luxo da inspiração: "Escrevo diariamente vinte páginas de texto, com ou sem inspiração". Certamente o talento importa. Aprender técnicas de roteiros para cinema ou televisão não é difícil, com aplicação e esforço, qualquer pessoa pega os macetes. "Mas o talento é o que dará diferença, brilho e originalidade", a autora conclui. Seu público agradece.

Fonte: Yahoo

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