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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Primeira novela sensual, Gabriela faz 40 anos


Primeira novela que ousou ao explorar a sensualidade na teledramaturgia, Gabriela completa 40 anos de sua estreia nesta terça-feira (14). Baseada na obra de Jorge Amado (1912-2001), a trama da Globo impressionou e cativou o público pelas cenas quentes (e ao mesmo tempo ingênuas) da protagonista, interpretada por Sônia Braga, e pelas críticas à política em plena ditadura militar.

Ambientada na década de 1920, a novela mostrava a fuga de nordestinos da seca para Ilhéus, no litoral baiano, que enriquecia com a cultura de cacau e retrocedia com as ordens do coronel corrupto Ramiro Bastos (Paulo Gracindo). Entre os retirantes, estava Gabriela, moça jovem e ingênua que rapidamente passava a ser cobiçada por todos os homens da cidade.

A Globo estreou Gabriela com altas expectativas. Às vésperas de completar dez anos e desde 1970 líder de audiência em todo o Brasil, a emissora decidiu comemorar com uma adaptação de um best-seller de Jorge Amado. Na época, o romance Gabriela, Cravo e Canela já havia vendido mais de 800 mil exemplares e chegava à 50ª edição.

A novela ganhou ares de superprodução e recriou no Rio de Janeiro a Ilhéus do início do século 20. Deu resultado. Bateu recordes de audiência para o horário (22h), com picos de 54 pontos, e alçou Sônia Braga, então com 25 anos, ao estrelato. A cena em que ela sobe de vestido em um telhado para pegar uma pipa, com os moradores observando a calcinha dela, é uma das mais emblemáticas da TV brasileira.

"[Gabriela trouxe] muito prestígio [à Globo], porque nesse período não era comum adaptar literatura para a televisão. Imagine um romance de Jorge Amado, às 22h. As cores tinham recém-chegado à televisão, inclusive o único horário em cores era o das 22h", explica Mauro Alencar, Doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP (Universidade de São Paulo) e membro da Academia de Artes e Ciências da Televisão em Nova York (EUA).

O romance de Amado, com altas doses de sexualidade, foi amenizado na adaptação de Walter George Durst (1922-1997), sem nudez nem sexo, mais para agradar a audiência conservadora do que para fugir da censura. "Não era permitido mostrar tanta intimidade. Estávamos em 1975", relembra Alencar. Cenas mais picantes foram adicionadas no remake escrito por Walcyr Carrasco, em 2012.

Saiba por onde anda o elenco de Gabriela:


José Wilker (Mundinho Falcão) - Rival do coronel Ramiro Bastos (Paulo Gracindo), o fazendeiro Mundinho Falcão tinha ideias progressistas e participou dos movimentos de renovação política de Ilhéus. O ator interpretou o coronel Jesuíno no remake da novela, em 2012. Da primeira versão, morreram, além de Wilker (2014) e Gracindo (1995), Dina Sfat (1989), Armando Bógus (1993), Francisco Dantas (2000) e Ana Ariel (2004), entre outros atores.


Sônia Braga (Gabriela) - Virou estrela e símbolo sexual após Gabriela e, por causa disso, foi convidada em 1976 para protagonizar Dona Flor e Seus Dois Maridos, mais uma adaptação da obra de Jorge Amado, desta vez para o cinema, ao lado de José Wilker e Mauro Mendonça. O filme nacional foi visto por mais de 10 milhões de espectadores, recorde até 2010. Hoje, aos 64 anos, atua mais nos Estados Unidos do que no Brasil.


Fúlvio Stefanini (Tonico Bastos) - Conquistador, vaidoso e mulherengo, Tonico Bastos era dono do cartório da cidade e das fazendas de cacau do pai, coronel Ramiro Bastos. Casado com Olga (Ângela Leal), enganava a mulher e seduzia solteiras e casadas, mas quem mais ele desejava era Gabriela. O ator permaneceu na Globo até 2014, após o final de Amor à Vida.


Marco Nanini (Professor Josué) - Josué era diferente dos outros homens de Ilhéus por defender o amor romântico. Apaixonou-se por Malvina (Elizabeth Savala). Foi um dos primeiros trabalhos de destaque do ator, que já era consagrado quando interpretou Lineu Silva em A Grande Família. Permaneceu no humorístico até o final, em 2014.


Malvina (Elizabeth Savala) - "Com Malvina, Elizabeth Savala já protagonizou um fenômeno novo na televisão brasileira: o surgimento de uma estrela em menos de quarenta dias", escrevia o jornalista Artur da Távola (1936-2008) em 1975. Em seu primeiro trabalho na TV, Savala, com apenas 20 anos, conquistou o Brasil interpretando a jovem rebelde Malvina. Depois, atuou em mais 20 novelas na Globo. Atualmente, está no ar em Alto Astral, trama das sete.

Fonte: Notícias da TV

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