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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

“Eta Mundo Bom!” estreia bem e promete


Com “Êta Mundo Bom!'' (a novela das seis, estreia dessa segunda, 18/01) Walcyr Carrasco está de volta ao horário que o consagrou, com títulos como “O Cravo e a Rosa“, “Chocolate com Pimenta'' e “Alma Gêmea“. Sabe o que essas novelas todas têm em comum e que, certamente, não faltará em “Êta Mundo Bom!“? Isso mesmo, caipiras, bichos de fazenda, gente arremessada no chiqueiro, torta na cara e Elizabeth Savala. Ops, Savala não atuou em “O Cravo e a Rosa'' – mas esteve na maioria das novelas de Carrasco depois desta.

E é justamente a personagem de Elizabeth Savala – “Cunegundes'' – a que dá o tom da novela de Carrasco: a atriz gritou e esperneou com um sotaque caipira puxadíssimo – no sentido de carregado mesmo. “Êta Mundo Bom!'' promete toda a caricatura do caipira que fez o sucesso de Mazzaropi nos cinemas em meados do século passado. A trama é justamente baseada em um filme de Mazzaropi, “Candinho“, de 1954, que, por sua vez, tem referências no conto “Cândido ou o Otimismo“, de 1759, do filósofo francês Voltaire.

Não foi só Savala e o caipirês que chamaram a atenção nessa estreia. Sérgio Guizé está ótimo como o protagonista. Parece um roceiro ingênuo mas já deu mostras de ser esperto, deve cair nas graças do público. E tem a volta de Marco Nanini às novelas (finalmente!). Além do resgate do humor simplório (Carrasco estava afastado do horário das seis fazia dez anos), a trama carrega no melodrama digno de “O Direito de Nascer“, a mãe de todas as novelas – da TV e do rádio. E também tem uma novela dentro da novela – olha a referência à mítica “Espelho Mágico“, de Lauro César Muniz (1977). É a radionovela “Herança do Ódio'' (por sua vez baseada na obra de Oduvaldo Vianna), que os personagens de “Êta Mundo Bom!'' ouvirão.

A trilha sonora é predominantemente caipira, totalmente de acordo com a proposta da novela. Para a abertura, a banda Suricato fez uma gravação do clássico das festas juninas “O Sanfoneiro Só Tocava Isso'' com arranjos modernos. A abertura aposta nas colagens (de novo, vide “Totalmente Demais“). Incomodou a fotografia da novela, com filtros saturando a imagem de tal forma que lembra nossas fotos de Instagram. Tudo pode ser uma questão de habituar-se (ou não!).

Carrasco é mestre na carpintaria da telenovela. Não é à toa que sua obra é formada, na maioria, de sucessos populares. O novelista se firma como um dos mais versáteis de nossa televisão. Já escreveu para todos os horários. De “Amor à Vida“, pulou para “Verdades Secretas'' e agora dá um duplo mortal carpado com “Êta Mundo Bom!“, reinventando-se nos estilos. O pastelão está de volta. Prepare-se para oito, nove meses de muitos banhos no chiqueiro e torta na cara. Já teve no primeiro capítulo. Quer dizer, não teve a torta porque não deu tempo para a sobremesa, mas teve o prato principal.

Fonte: Nilson Xavier; do UOL

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