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terça-feira, 26 de abril de 2016

Caetano: sucesso inesperado em "Velho Chico"


Caetano Veloso é outro compositor bastante presente na trilha de "Velho Chico". Ele aparece com "Como 2 e 2", na voz de Gal Costa, tema do casal da primeira fase Afrânio (Rodrigo Santoro) e Iolanda (Carol Castro), que na segunda fase são interpretados por Antônio Fagundes e Christiane Torloni; e com "Peixe", na gravação dos Novos Baianos (presente ainda com o clássico "Acabou Chorare"). Caetano canta também as suas "O Ciúme" e "Triste Bahia", que ambienta as Grotas de São Francisco e tem versos do poeta Gregório de Mattos.

Mas o que mais chama atenção na presença de Caetano Veloso é o tema que acompanha as imagens da abertura criada pelo diretor e diretor de arte Alexandre Romano através de elementos e imagens produzidos pelos artistas Mello Menezes e Samuel Casal. Trata-se do clássico "Tropicália", de 1968, que aparece numa versão renovada.

"O resultado da regravação é muito apropriado para a telenovela, com um novo arranjo com ares de saga, de épico, e para a trajetória do protagonista Afrânio, do rapaz libertário do início da década de 1970 ao grande coronel dos tempos atuais, numa narrativa que é, a um só tempo, tema e crítica no olhar sobre os personagens, em suas tentativas e insucessos de serem o que gostariam de ser diante do que a vida lhes apresenta", avalia Vincent Villari.

O pesquisador destaca ainda que a força do movimento antropofágico, presente na canção de Caetano Veloso, está no olhar e no estilo do diretor Luiz Fernando Carvalho, com seu registro naturalista.

"A cada vez que ouvimos 'Tropicália na abertura', entendemos que o Afrânio do início da novela e os desejos que o moviam para tentar ser diferente do pai, o que não conseguiu pois foi engolido pelas circunstâncias, ainda existem subterraneamente. É a música, portanto, informando o que os personagens precisam esconder", diz Villari.

"Uma coisa que acho muito importante, e tenho elogiado muito o Luiz por isso, é que ele não insere uma canção por nada. Tudo tem um sentido. É como se a letra da canção também fosse texto. Isso faz toda a diferença", acrescenta Rescala.

Fonte: UOL

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