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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Os destaques e fiascos de "Eta Mundo Bom!"


Confesso que, no início de “Êta Mundo Bom”, estranhei muito a interpretação de alguns atores. Passados sete meses, faltando duas semanas para o término da novela, revejo minhas críticas iniciais a Flávia Alessandra, Tarcísio Filho, Priscila Fantin e Rainer Cadete e os parabenizo pelo trabalho na novela. Fui ludibriado pelo texto rebuscado de Walcyr Carrasco. Não é fácil proferir cada palavra que o autor põe na boca de seus personagens.

Carrasco é um mestre na carpintaria da telenovela, na forma com que prende seu público através de tramas e personagens cativantes, muitas vezes abrindo mão do realismo e lançando-se ao maniqueísmo para estimular os sentimentos mais básicos do telespectador. Mas seu texto não surtiria efeito não fosse o elenco afinado com sua proposta. Além da direção (que faz valer as intenções do autor) e da produção competentes, pergunto o que seria de “Êta Mundo Bom” não fosse seu elenco.

O autor optou por dois tipos de interpretação. Os caipiras que falam errado (a maioria no núcleo da fazenda) – com o preciosismo de cada personagem ter sua forma própria de falar, com uma prosódia diferente, por exemplo. E os personagens, digamos, da cidade, que falam um português corretíssimo – com o uso farto do verbo “haver” (“Eu hei de conseguir”) e o verbo no infinitivo em substituição ao gerúndio (“O que está a fazer?” “Estou a ler!”).

Entre os atores com personagens caipiras, todos os aplausos para Sérgio Guizé (Candinho), Elizabeth Savalla (Cunegundes), Ary Fontoura (Quinzinho), Flávio Migliaccio (Josias), Rosi Campos (Eponina), Camila Queiroz (Mafalda), Anderson Di Rizzi (Zé dos Porcos) e Dhu Moraes (Manuela). Dos que falam o português culto de Walcyr Carrasco, elogios a Marco Nanini (Pancrácio/Pandolfo), Eliane Giardini (Anastácia), Flávia Alessandra (Sandra), Bianca Bin (Maria), Rainer Cadete (Celso), Arthur Aguiar (Osório) e Ana Lúcia Torre (Camélia).

Rever uma crítica após o susto inicial é um ótimo exercício. Para o bem e para o mal: depois de sete meses de novela, não tem como defender as interpretações de Débora Nascimento (a mocinha Filomena, que definitivamente não funcionou, nem com sotaque caipira, muito menos sem sotaque caipira), Eriberto Leão (Ernesto, o vilão canastrão, de expressão, entonação e trejeitos lineares, sem nuances) e Giovanna Grigio (Jerusa, a garota doente mais inexpressiva das novelas).

Fonte: Nilson Xavier, do UOL

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