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sábado, 13 de janeiro de 2018

Selton Mello fala da volta à TV e vida pessoal


Presença rara na TV, Selton Mello está de volta em “Treze dias longe do sol”, que estreia amanhã na Globo. Na série, o ator de 45 anos interpreta Saulo, um construtor que se torna vítima de si mesmo ao ficar soterrado após o desabamento de um prédio erguido com materiais de péssima qualidade. Nesta entrevista à Canal Extra, o artista fala sobre temas tratados na história, como morte, ambição, corrupção e a esperança de viver num Brasil melhor, ainda que ele não acredite na possibilidade de ver todos os problemas do país resolvidos a curto prazo. Um dos solteiros mais desejados do meio artístico, Selton ainda admite: “Recebo cantadas, sim”.

Na série, seu personagem, Saulo, fica soterrado após o desabamento do prédio do qual era o construtor. Como você costuma lidar com situações limite?
Esse trabalho me aproximou de um sentimento que meu irmão experimentou (o também ator Danton Mello sofreu um acidente de helicóptero em 1998). Nunca vivi uma situação limite, mas dificuldade todo mundo passa, faz parte da vida...

Você teme a morte?
Já nascemos caminhando para ela, né? Vamos morrendo aos poucos, uns mais rapidamente, outros lentamente. Só quero ficar bem velhinho se for com saúde. É triste terminar com muitas limitações.

Saulo revê a vida, seus erros e seus acertos, no período em que fica sob os escombros. Você tem o hábito de fazer esse tipo de reflexão?
Constantemente. Estou sempre ligado no que fiz, no que não fiz, no que estou fazendo e no que falta fazer. Isso é um exercício diário. Aprendo com os erros e depois é bola pra frente. Na verdade, tudo é aprendizado, tanto o sucesso quanto o fracasso.

A série mostra que podemos ser vítimas de nós mesmos. Concorda com essa tese?
Faço terapia há muito anos e entendi, neste processo, que podemos ser nosso maior inimigo, que ninguém pode ser mais duro com a gente do que a gente mesmo. E que temos uma capacidade grande de jogar casca de banana em nosso caminho. Criamos situações para nos colocar em roubadas.



A ambição é outro tema abordado em “Treze dias longe do sol”. O que pensa sobre esse sentimento?
É fundamental ter ambição para crescer, ser cada vez melhor no que faz, seja qual for sua profissão. Mas tem gente que passa do ponto, perde a noção. Existe um limite. Minha ambição é continuar fazendo o que faço: dirigir, atuar e escrever.

Mas você nunca desejou ter jatinho, mansão, helicóptero?
Jamais! Não tenho nem carro. Ando de bicicleta ou de táxi, nem sei qual é o carro mais incrível por aí. Desejo material, para mim, é poder produzir um filme, viajar. Tenho minha casa, meus pais estão bem, não preciso de mais.

A corrupção é o fio condutor da série (se Saulo não tivesse usado materiais sem qualidade na construção, o prédio não teria desabado). Como enxerga esse problema, que está longe de ser coisa de ficção?
É um assunto atual. Já vimos o resultado disso no Palace II (prédio que desabou na Barra da Tijuca, em 1998) e em outras tragédias desse tipo. Vivemos um momento assustador, de corrupção generalizada. Os políticos, que roubam fortunas, são o espelho da população. A pequena corrupção está em todo lugar, no camarada que falsifica carteirinha, que estaciona na vaga de deficiente... É triste constatar esse sistema corrupto em que vivemos.



Você tem esperança de que o Brasil possa melhorar a partir das eleições deste ano?
Sempre tenho esperança, mas não vamos resolver nossos problemas neste novo ano. Não acredito em herói, em salvador da pátria. Mas existe um lado bom nesse lamaçal todo: talvez, venha uma nova consciência coletiva do que se deve fazer para mudar.

Na série, Saulo teve um caso extraconjugal. Como lida com a questão da infidelidade?
Não se pode julgar ninguém. Cada um tem sua história, paga pelos erros que comete e celebra seus acertos. Saulo é falho, como a estrutura do prédio. Ele é o prédio. Todos nós somos o prédio. Somos feitos de coisas boas, ruins, acertos e erros.

Lida bem com separações?
Separação é sempre doloroso, mas depois se acostuma, como tudo na vida.


Você é um dos solteiros mais cobiçados do meio artístico. Não pensa em se casar?
Não tenho a menor ideia de quando vou sair do time dos solteiros. Neste sentido, não tenho planejamento algum. Por enquanto, estou ok assim. Amanhã, não sei.

Está namorando?
Não, mas fico superbem sozinho. Acho uma loucura quem cola na primeira criatura que aparece, que nem é isso tudo, só porque não consegue não ter alguém. Sozinho, fico concentrado, estudando, descansando, organizando minhas coisas. Não tenho problema com solidão. Essa palavra tem um peso, mas pode ser uma bênção estar sozinho. E uma hora a gente conhece alguém, namora, e está tudo certo.

Recebe cantada?
Recebo cantada, sim! Uma boa cantada pode funcionar total! (risos)

Fonte: Jornal Extra

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