Previsto para ser concluído daqui a dois anos e meio, no final de 2021, o projeto Uma Só Globo está tirando o sono de muita gente. Os profissionais da emissora vivem um momento de tensão extrema diante de transformações profundas que ameaçam seus empregos. O projeto vai fundir a TV Globo com a Globosat, criando uma gigante que fatura R$ 15 bilhões por ano, e exigirá um alto investimento em tecnologia.
Como toda fusão, a das empresas de mídia eletrônica da família Marinho visa tornar o grupo mais enxuto, eliminando eventuais sobreposições de cargos, de pessoas que fazem a mesma coisa para unidades diferentes. Os cortes já começaram em vários setores.
No comunicado em que revelou publicamente o projeto Uma Só Globo, em setembro passado, a Globo não escondeu que haverá cortes ao anunciar que está buscando "a integração de equipes e estruturas", além do desenvolvimento de novas áreas de competência, criação de novos negócios e busca de novas receitas".
Nesse processo, a Globo está obcecada em se tornar uma empresa tecnológica. Do contrário, acreditam fontes na emissora, não terá forças para competir com gigantes do streaming, como a Netflix, que estão transformando o jeito de ver TV --e colocando em risco o modelo de negócio do grupo.
Em março, ao anunciar a unificação das áreas comerciais e de tecnologia, a Globo afirmou que está se transformando em uma empresa de "media tech", com alto uso de dados e de inteligência artificial. O anúncio, ironicamente, foi acompanhado da demissão do diretor-geral comercial, havia pouco mais de um ano no cargo.
A Globo está contando com a consultoria da Accenture. Em seu site, a parceira diz que foi contratada pelo maior conglomerado de mídia da América Latina para "criar uma visão futurista da tecnologia".
Futuro sombrio - Muitos funcionários da Globo, inclusive os mais graduados e estrelados, estão vendo um futuro sombrio. A maioria está perdida. "Não temos direção. Não sabemos os planos da emissora pra nada", diz uma apresentadora, que pede para não ser identificada. Não é só uma questão de emprego, mas de manter a qualidade do emprego.
Sinais do "apocalipse" pipocaram recentemente:
1) a emissora iniciou um processo de renegociação de contratos de jornalistas, apresentadores e atores, tornando-os funcionários com carteira assinada. Isso gerou insegurança e desconforto;
2) a Globo está dispensando apresentadores sem programa e diretores e atores que ficam improdutivos a maior parte do ano;
3) no ano passado, a TV Globo teve um prejuízo operacional de R$ 530 milhões. Precisa aumentar a produção, para tornar o Globoplay competitivo diante da Netflix, e com custos menores.
O que vem por aí? Na sede da emissora, no Rio de Janeiro, já se fala em mudança no programa de participação em lucros e resultados. Executivos estão com medo de perderem seus bônus.
Mas o que mais intriga mesmo é o que vai acontecer quando a Globo for uma só: o atual diretor-geral da TV, Carlos Henrique Schroder, vai continuar no comando da televisão? Ou vai ser substituído pela prestigiada (pelos acionistas) Rossana Fontenele, líder do projeto Uma Só Globo? E Alberto Pecegueiro, principal responsável pelo sucesso da Globosat, vai se aposentar?
Fonte: Na Telinha
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