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sábado, 26 de janeiro de 2013

Bahia, o paraíso dos noveleiros

A Bahia, assim como todo o Norte e Nordeste, é cenário para muitas obras do cinema e TV. O estado esteve retratado em filmes, séries, minisséries e novelas. Jorge Amado é o escritor baiano que mais teve adaptações de seus livros e contos. Confira algumas das mais marcantes histórias ambientadas e retratando os costumes, desigualdades e delícias típicas da Bahia.

'Gabriela' (1960, 1975, 2012)
"Gabriela, cravo e canela" é um romance escrito por Jorge Amado em 1958. A história conta a saga de uma retirante, fugindo da seca nos anos 20. Chegando em Ilhéus, o seu jeito simples e brejeiro encantam o turco Nacib, dono de um bar na cidade. Surge o romance que tem como pano de fundo os costumes conservadores, o poder dos coronéis e a hipocrisia dos bons costumes escondidos entre os lençóis, traições e amores proibidos. Nas telenovelas, "Gabriela" ganhou três versões: A primeira foi em 1960 na TV Tupi tendo como protagonista a atriz Janete Vanelle, escolhida por Jorge Amado para viver o papel. Sônia Braga ganhou notoriedade e consagrou a personagem na nova versão quinze anos depois. Em comemoração ao cententário de Amado, a novela ganhou um remake escrito por Walcyr Carrasco e com Juliana Paes no papel principal. "Gabriela" também ganhou uma versão para o cinema. O filme de 1983 foi dirigido por Bruno Barreto e tinha Sônia Braga como protagonista. O ator Marcelo Mastroianni fez o papel de Nacib.

Como a Bahia foi retratada? Tanto no romance como nas adaptações, a Bahia da década de 20 foi retratada com exatidão. O ciclo do cacau, o poder dos coronéis que comandavam o dinheiro e a política do estado, bem como o universo povoado por bares, bêbados, jagunços, beatas e prostitutas estiveram presentes. O bordel foi um dos pontos centrais onde a trama se desenrolou dando um ar cômico à realidade violenta que cercava aquelas cidades na época.

'O Canto da Sereia' (2012)
Baseada na obra homônima de Nelson Motta, Sereia estrela um noir brasileiro, como diz o subtítulo do livro. Cantora de sucesso, ela é a musa do Carnaval e aos 22 anos, no auge da carreira, é assassinada em cima do trio elétrico. A microssérie reúne todos os elementos de uma boa trama: suspense, romance e humor. E também conta com um time de peso para dar vida à história. O texto é de George Moura, Patrícia Andrade e Sérgio Goldenberg, com supervisão de Glória Perez. A direção de núcleo é assinada por Ricardo Waddington e a direção geral é de José Luiz Villamarim. Além de Isis Valverde como protagonista, o elenco tem Marcelo Médici, Gabriel Braga Nunes, Marcos Caruso, Marcos Palmeira, Fabíula Nascimento, Frank Menezes, Fabio Lago, entre outros.

Como a Bahia foi retratada? A minissérie retrata uma Bahia atual, moderna e festeira, com um dos Carnavais mais tecnológicos e caros do Brasil. Cerca de 70% das cenas foram realizadas em diversas locações em Salvador, como o Palácio do Governo, a Escadaria Santa Barbara, a praça do Farol da Barra e proximidades do Pelourinho.

'Ó pai, ó' (2007)
O filme dirigido por Monique Gardenberg (de "Benjamim", 2003) é uma adaptação da peça escrita por Márcio Meirelles. Assim como no teatro, conta a história dos moradores de um animado cortiço do centro histórico do Pelourinho, em Salvador. Entre trambiques e vadiagem, todos curtiam o último dia do Carnaval, quando a evangélica Dona Joana resolveu estratagar a festa fechando o registro de água do prédio. O elenco é do grupo Bando de Teatro Olodum e tem os amigos atores Wagner Moura e Lázaro Ramos como personagens principais. Em 2008, "Ó pai, ó" virou série na Rede Globo. Há rumores que aMonique também irá dirigir em 2013 "Boca do Inferno" , projeto de filme e minissérie sobre personagens como o poeta Gregório de Mattos e o padre Antonio Vieira e será ambientada na Bahia do século 17. A ideia é levar para a TV depois de estrear nos cinemas, da mesma maneira que foi feito com "Xingu", de Cao Hamburger.

Como a Bahia foi retratada? O texto de Meirelles é um protesto contra Antônio Carlos Magalhães, político que atuou por muitos anos no governo de Salvador, e expulsou os moradores do Pelourinho para fazer a restauração dos prédios antigos. A pobreza, desigualdade e o lado social da Bahia são retratados na série, ainda que o humor seja a tônica maior da história.

'Pastores da Noite' (2002)
A minissérie, dirigida por Guel Arraes e escrita em parceria com Sérgio Machado, é uma adaptação do romance de Jorge Amado e traz os personagens que povoaram boa parte de sua extensa lista de livros produzidas pelo escritor: prostitutas, padres, malandros, pais de santo e camelôs. Exibida em 2002 e com apenas quatro capítulos, a série foi integrante do programa "Brava Gente" fazendo um retrato do povo e das regiões brasileiras. Os personagens vividos por Eduardo Moscovis, Matheus Nachtergaele, Luiz Carlos Vasconcelos, Lázaro Ramos e Fernanda Montenegro viviam situações atuais e cotidianas, em busca de trabalho, dignidade, dinheiro e amizade.

Como a Bahia foi retratada? A Bahia atual, acolhedora e amistosa, mas com a miséria, a degradação e violência retratadas. Filmada em película, as locações foram as ruas enladeiradas da capital, Salvador.

'Dona Flor e Seus Dois Maridos' (1998)
O mais famoso triângulo amoroso da dramaturgia brasileira também é adaptação do romance homônimo de Jorge Amado, escrito em 1966. A minissérie da Rede Globo foi escrita por Dias Gomes, Ferreira Gullar e Marcílio Moraes e exibida em 1998. No elenco principal Guilia Gam, Marco Nanini e Edson Celulari. O filme dirigido por Bruno Barreto foi lançado em 1976 e tem Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça como destaques. Ficou 34 anos como recordista do cinema brasileiro, com 10 milhões de espectadores. Foi refilmado nos EUA como "Meu Adorável Fantasma", em 1982, e será refilmado no Brasil em 2014.

Como a Bahia foi retratada? A Bahia quente e sensual foi retratada com a pitada típica de bom humor e sarcasmo de Jorge Amado. No livro, a história se passa entre os anos 30 e 40. Na minissérie, a trama foi atualizada para os anos 90 dando frescor e toques contemporâneos, além de incluir o jogo do bicho como um dos problemas sociais da Bahia daquela época. Uma das locações da minissérie foi a cidade de Bananal, utilizando como cenário a Pharmácia Popular, um estabelecimento / museu local.

'Tereza Batista' (1992)
Tereza Batista cansada de guerra' é o romance escrito por Jorge Amado e publicado em 1972. O livro conta a história de uma jovem órfã, vendida pela tia para um capitão e e obrigada a ser sua escrava sexual. A trama envolve romance, assassinato, vingança e deu espaço para a umbanda, através da religiosidade e dos terreiros que Tereza frequentava. A minissérie dirigida por Vicente Sesso ficou no ar de 7 de abril a 22 de maio de 1992 e revelou a atriz Patricia França que interpretou o papel principal na TV.

Como a Bahia foi retratada? As cidades de Cajazeiras e Salvador são apenas coadjuvantes para a história de Tereza que é considerada uma heroína pela reviravolta que dá em sua vida e no final feliz que consegue dar a sua história repleta de tristeza e tragédias na juventude.

'Renascer' (1993)

A novela "Renascer" foi escrita por Benedito Ruy Barbosa e marcou a estreia do autor no horário nobre. A história conta a saga de José Inocêncio, um fazendeiro da zona cacaueira de Ilhéus, Bahia. Ao chegar à região onde vai fazer sua vida, finca um facão aos pés de um frondoso jequitibá. Esta crendice popular passa a ser o símbolo de sua coragem e do sonho de se tornar eterno. Apaixona-se por Maria Santa e desse amor nascem quatro filhos: José Augusto, José Bento, José Venâncio e João Pedro. O caçula nasce e Maria Santa morre no parto. O fato faz com que Zé Inocêncio fique inconformado com a perda da amada e desenvolva um relacionamento de ódio com o filho. A trama teve personagens marcantes como Tião Galinha interpretado por Osmar Prado, revelou o ator Leonardo Vieira, e contou com Antônio Fagundes, Marcos Palmeira, Adriana Esteves, Patrícia França, Tarcísio Filho, Taumaturgo Ferreira, Marco Ricca, Maria Luísa Mendonça, Luciana Braga, Regina Dourado e Tereza Seiblitz nos papeis principais.

Como a Bahia foi retratada? Benedito mostrou a cara rural e agrícola da Bahia com as plantações e grandes fazendas de cacau. O autor rodou o sertão baiano atrás de informações e personagens para escrever a novela. A maioria das cenas foi gravada em Ilhéus mesmo, mas boa parte foi ambientada na cidade cenográfica em Jacarepaguá que depois viria a ser o atual Projac - complexo de estúdios da TV Globo.

'Tieta' (1989)
Adaptada por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, a novela foi um dos maiores sucessos das adaptações dos livros de Jorge Amado depois de "Gabriela". Tieta foi interpretada por Betty Faria que considera esse o papel mais importante de sua carreira. A personagem foi expulsa da cidade por seu pai e volta, rica e sensual, 25 anos depois, à sua cidade natal para se vingar das pessoas que a humilharam. "Tieta do Agreste" também virou filme em 1996. Foi dirigido por Cacá Diegues e teve Sônia Braga no papel principal.

Como a Bahia foi retratada? A Bahia dos anos 70 vivia o progresso da capital e tinha no entorno cidades bastante atrasadas, sem saneamento básico, transportes e condições mínimas de saúde e qualidade de vida para a população. Caso de Sant'Ana do Agreste, local onde se desenvolve a trama. Muitas das imagens foram feitas em Mangue Seco, litoral norte da Bahia. Outra parte das cenas foi gravada numa Sant´Ana do Agreste fictícia. A cidade cenográfica era composta por 46 prédios, 2 igrejas, 8 ruas, 2 praças, um circo abandonado e 15 ruínas. Tudo foi construído numa área de 10.000m², em Guaratiba, no Rio de Janeiro.

'Tenda dos Milagres' (1985)
Mais um dos bens sucedidos romances de Jorge Amado, "Tenda dos Milagres", publicado em 1969, retrata a religiosidade do povo baiano e sua luta contra o preconceito racial. Na história, a "tenda dos milagres" servia para encontros entre pessoas ligadas ao candomblé e à capoeira de Angola. O candomblé constitui-se em pano de fundo, e Pedro Archanjo é o herói mestiço dessa história. Mulato com algum estudo, é protegido pelo professor da Faculdade de Medicina, Silva Virajá. A história virou minissérie adaptada por Aguinaldo Silva e Regina Braga. Nelson Xavier era Pedro Arcanjo, persoangem que defendia os negros e sua relação com mães e pais de santo, prostitutas e mestres de capoeira. Ambientada na Bahia, a série abordou o preconceito racial e o amor. "Tenda dos milagres" também virou filme, dirigido por Nelson Pereira dos Santos e lançado em 1977.

Como a Bahia foi retratada? A realidade pobre e desigual também esteve presente na série que, numa das primeiras vezes na TV, deu voz e discutiu a religiosidade, liberdade de expressão e convivência entre os mais variados credos. As maior parte das gravações foi feita em Salvador e Cachoeira, ambos municípios do estado da Bahia.

Fonte: Yahoo

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