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sábado, 26 de janeiro de 2013

Cláudia Raia tenta validar a história da seringa


"E eu saio sem ela [a seringa com injeção letal] pra algum lugar? No nosso ramo, a gente não sabe quando vai precisar", disse a gélida Lívia Marini, personagem de Claudia Raia em "Salve Jorge", após matar a pobre Jéssica de Carolina Dieckmann no capítulo desta terça (22) da novela. Muita gente riu e a cena virou motivo de piadas nas redes sociais, como a da foto acima, mas a intérprete da vilã mais dura e fria da TV atualmente foi categórica ao afirmar que "a história da seringa é verdade".

Trabalhando cerca de 15 horas por dia e tendo que se revezar entre São Paulo, onde protagoniza o musical "Cabaré", e as gravações da novela no Rio, Claudia Raia achou uma brecha na agenda para dar esta entrevista e contar os destinos de sua personagem que, em breve, irá se apaixonar por Théo (Rodrigo Lombardi). "O amor será sua ruína". Leia a entrevista:

A Lívia até agora foi uma personagem que agiu sempre nos bastidores. Finalmente ela teve que botar a mão na massa. Ela vai enfim sair da sombra e passar a agir?
Na verdade isso foi uma estratégia da Glória [Perez, autora da novela]. A mandante da vida real nunca aparece. Tanto que nem nas pesquisas e nos workshops tivemos acesso à ficha criminal de uma pessoa dessas. Elas sempre agem nos bastidores, sempre têm capangas que fazem o serviço sujo, embora, na real, sejam as mais bandidas de todas. Só que em dramaturgia isso não rola. Porque vilã é quem age. Então a partir de agora ela se expôs de um jeito que não tem mais volta.

Na internet, entre jornalistas e telespectadores, muita gente riu do diálogo entre a Lívia e a Wanda [Totia Meirelles] sobre a seringa usada para matar a Jéssica. De onde saiu isso?
Essa história é verdadeira. A gente soube disso por meio de depoimentos de pessoas que foram vítimas do tráfico. Eles usam esse tipo de injeção porque é a única forma de matar rápido e sem deixar rastro. É um coquetel de drogas que aparece como overdose. As resoluções no tráfico têm de ser rápidas. As pessoas falam que não é verossímil porque não têm a menor ideia do problema. A gente conversou com uma mãe que relatou a história de sua filha que foi traficada para Viena, na Áustria, e que se rebelava como a Morena e a Jéssica. Ela tentou fugir uma vez e foi pega. Apanhou, ficou cheia de escoriações. Quando se recuperou, tentou fugir de novo. Tinha um bar brasileiro a uma quadra do lugar e ela tentou chegar até lá. O traficante a pegou na esquina. Pouco tempo depois o corpo dela apareceria degolado e nu, no meio da rua, no meio da neve. Vimos fotos disso. Eu fui pra casa completamente chocada naquele dia.

A Morena vai mesmo cair na conversa da Lívia?
Completamente. Ela é diferente da Wanda e do Russo [Adriano Garib], que são dois brutos. A Lívia é sofisticada e, portanto, sedutora.

Mas como a Morena opta, entre a própria mãe, o namorado que é do Exército e a madrinha que é delegada, contar sua história exatamente para a Lívia, que é uma completa desconhecida?
O Théo e a Lucimar [Dira Paes] são completamente passionais. Imagina se eles iam se controlar? Acha que a Lucimar não ia contar essa história para o Russo? E aquele carro preto que fica passando no [morro do] Alemão para vigiar a família dela também existe. Se a delegada resolve prender alguém. Se tiver qualquer movimento da polícia, os familiares dela morrem na hora. Tem outra garota com quem conversamos que conseguiu fugir porque a polícia conseguiu desbaratar uma dessas boates. Mudaram de cidade várias vezes e as ameaças continuaram. Continuaram sendo vigiados, o carro preto passava em frente da casa o tempo todo. Eles levaram 15 anos para ter coragem de falar, porque eram muito pobres. A gente tem apenas uma pequena ideia de como funciona.

Como foi gravar a cena da morte da Jéssica?
A gente gostou por causa do desafio né? Foi uma cena dura de fazer. Porque era pesada e porque era a despedida da Carol [Dieckmann]. A gente ria, porque ela ficava o tempo todo perguntando se a agulha não iria furá-la de verdade. No total foram quatro dias de gravações da sequência toda e cerca de 16 horas. Tenho trabalhado de 15 a 16 horas por dia. E teve o desafio de me manter fria enquanto "matava" uma pessoa. Teve só aquela mexidinha de boca, porque a Lívia tem alguns prazeres. Comer bem, beber, gastar dinheiro e matar. Ela não muda de expressão. Parece de cera. Eu não acho que ela seja uma pessoa que a vida tornou má. Ela é má de nascença. Meio doentinha, sabe?

Quem vai derrubar a Lívia? A Morena?
Quem derruba a Lívia é o amor. Porque a partir de agora ela vai se apaixonar pelo Théo. É isso que vai quebrá-la. Porque todo mundo fala (e é proposital) que ela é toda dura. E ela é mesmo. E aí aparece esse homem, que vai começar a impedir a Morena de seguir as ordens dela. E ela se pergunta quem é esse homem... Inclusive ela não vai perceber de cara que está apaixonada, porque ela nunca teve que lidar com o amor. E isso vai desestruturá-la completamente. E o embate entre ela e a Morena é exatamente esse, porque ela percebe que a sua traficada é também sua maior rival.

Fonte: UOL

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