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segunda-feira, 5 de junho de 2017

Flávio Galvão vira comentarista político


Na reprise de Tieta (1989), no canal Viva desde o último dia 1º, Flavio Galvão aparece como um galã conquistador. Nas décadas de 1980 e 1990, o ator fez uma novela atrás da outra e se consagrou como um dos principais nomes da teledramaturgia. Teve até que se mudar do país por causa do assédio das fãs.

Quase 30 anos depois, muita coisa mudou. Galvão não faz novela desde 2014, quando atuou em Império, na Globo. Com 67 anos, teve de se reinventar: trabalha como diretor de filmes e peças teatrais e como comentarista de política do Jornal da Cultura, da TV Cultura.

"Uma coisa que eu gosto de fazer é trabalhar, mas o assédio às vezes era um pouco demais. Fiz uma novela chamada Corpo a Corpo [1992], interpretava um diabo, e em vez de causar medo nas pessoas, o personagem causava muita fascinação. Quando acabei de fazer a novela, tive que sair um pouco do Brasil para me esquecerem. Não podia botar o nariz na rua", conta o ator.

Galvão não costuma assistir às reprises das novelas que fez e acredita que, se tivesse naquela época o conhecimento que adquiriu com o passar dos anos, teria feito tudo diferente.

Mesmo assim, se orgulha muito da atuação em Tieta, como Dário, um comandante da Marinha que fazia sucesso com as mulheres com sua aparência atlética. "A novela foi uma das boas coisas que fiz na vida, no sentido de estar feliz. Tenho muitas saudades", declara.

Com mais de 40 novelas e séries na carreira, Galvão hoje se dedica bastante ao teatro. De 2015 a 2016, fez a peça O Semeador, que acabou inesperadamente lhe rendendo outro trabalho, totalmente diferente de tudo o que já havia feito.

Em uma entrevista para a TV Cultura para divulgar peça, acabou fazendo comentários sobre política e chamando a atenção de Marcos Mendonça, presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da emissora, e de William Corrêa, apresentador do Jornal da Cultura.

Não demorou muito para que o ator fosse convidado a fazer uma participação no telejornal e logo fosse efetivado como comentarista político, cargo que exerce quinzenalmente desde 2016.

"Sou antenado com o que está acontecendo no Brasil e no mundo, tenho pontos de vista. Então é muito legal, e toda vez que eu faço [os comentários] a audiência aumenta. Acho que tenho que botar a cara para dar tapa mesmo. O momento [atual do país] é muito triste, mas muito importante para o Brasil, principalmente porque podemos falar. Pior é uma ditadura em que você não pode falar", explica.



Cinema na TV - Para Flavio Galvão, o mercado de telenovelas já viu dias melhores. "Se me convidarem para fazer uma novela, se me interessar eu faço. Acho uma coisa magnífica de se fazer. [Mas] Antigamente o mercado era maior, tinha possibilidades maiores, havia [novelas na] TV Tupi, Bandeirantes, etc e tal. Hoje em dia o mercado está muito restrito, e as novelas não têm mais o mesmo apelo que tinham antigamente, até por causa dessas plataformas novas, internet", opina.

Fã de séries como Breaking Bad (2008-2013) e Vikings, ele também atua como diretor desde a década de 1970 e acredita que o futuro das novelas é a adoção de tecnologia e estética de cinema.

"Você vê que quando querem fazer uma coisa de qualidade, fazem em cinema mesmo, uma coisa com mais profundidade artística, com conteúdo. O caminho da telenovela está pulsando por esse lado. Fiz uma novela com Papinha [o diretor Rogério Gomes], que é genial. Ele tem um olho de câmera, em qualquer lugar do mundo ele seria um grande diretor. A novela está caminhando para o lado do cinema, e esse lado me interessa muito", diz.

Galvão está trabalhando atualmente na direção de um curta-metragem, chamado Nunca Mais Quero Seu Amor, Nunca Mais, e pretende ainda neste ano comandar uma peça de teatro e lançar um filme no qual trabalhou como ator. Ele também continuará com os comentários políticos na Cultura e não descarta uma volta às novelas, caso surja uma oportunidade desafiadora e interessante.

"Minha vida está indo assim, eu não fico preocupado com passado porque me deprime, não fico preocupado com o futuro porque me dá ansiedade. Então vivo o meu dia a dia. Nesse momento estou dirigindo duas coisas, mas é uma coincidência, não é uma opção. Eu gosto é de ser ator", afirma.

Fonte: Notícias da TV

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