De uns tempos pra cá a prática de regravar novelas antigas se tornou rotineira nas emissoras, o que chamam em linguagem americanizada de “remakes”.
Mas a pergunta é: até que ponto isso é vantajoso para as emissoras e para o público?
É claro que, tecnologicamente, a segunda versão é sempre infinitamente melhor que a primeira, mas isso não se traduz em números de audiência. Até hoje nenhuma novela regravada conseguiu superar a original em se tratando de números do ibope.
Para a emissora é vantajoso fazer um remake, porque já tem uma noção do conjunto da obra. Não é um tiro no escuro, como acontece com uma obra inédita, que pode ir sofrendo mutações ao longo da caminhada.
Para o público a vantagem é a oportunidade de assistir aqueles grandes clássicos do passado, aquela novela que a vovó e a mamãe tanto falavam...
Um fator a ser considerado é data de exibição da história original. Quanto mais tempo houver se passado entre a versão original e a cópia, maiores as possibilidades de sucesso. 25, 30 anos, no mínimo, porque menos pessoas terão assistido a primeira versão e, graças à propaganda dos mais antigos, se interessarão em assistir a segunda.
Por outro lado, a grande desvantagem é a evolução da sociedade. Muitos valores mudaram nos últimos vinte ou trintas anos, principalmente no Brasil. O papel da mulher na sociedade, virgindade, homossexualidade, mercado de trabalho, evolução da tecnologia, etc., só pra citar alguns...
Isso exige um esforço enorme para transpor a história para os tempos atuais, sem que ela perca a sua essência. Tem ainda a questão do ritmo. Nossa sociedade hoje tem um ritmo de vida totalmente diferente dos anos 60. Hoje em apenas uma hora a gente acessa a internet, fala ao celular, vai de um lado a outro da cidade, e assim por diante. Caso a não seja feita esta adaptação, a história fica morosa, lenta e perde telespectadores.
Por fim, uma prática que se mostrou altamente funcional, foi a de juntar duas ou mais histórias e transformá-la numa nova história, praticamente inédita, porque reúne várias tramas, que se entrelaçam de maneira totalmente diferenciada da original. E algumas vezes se convertem em grandes sucessos como “A Gata Comeu” e “Mulheres de Areia”.
Enfim, pesando os prós e contras, um remake só seria justificável no mínimo uns 30 anos depois da exibição da história original. A praça está cheia de gente talentosa com uma capacidade infinita de criar. E o grande barato dessas histórias antigas é exatamente esse: o de habitar aquele cantinho saudoso do coração.
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