terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Personagens de "Ribeirão do Tempo" deixam a desejar


Meses e meses após sua estreia, ratificando as ideias da Record de deixar novelas no ar por dez ou onze meses, "Ribeirão do Tempo" cresceu e está bem desenvolvida.

Já havia sido feita uma análise da novela de Marcílio Moraes em outra oportunidade, semanas após sua estreia, mas dessa vez há mais o que se acrescentar.

"Ribeirão do Tempo", assim como "Vidas Opostas", teve sua história sendo formada e depois foi desenvolvida. Havia núcleos, personagens, mas diferente de outros novelistas, Marcílio preferiu mostrar ao telespectador a criação dos conflitos para que o desenrolar deles fossem veiculados. A tática deixou "Ribeirão do Tempo" monótona nos primeiros meses, porém muito mais interessante agora.

Com um roteiro sem grandes acontecimentos, não se podia dizer muito da novela da Record. Agora, no estágio em que a trama se encontra, é possível analisar melhor os personagens e atores e o potencial de cada um deles.

Em "Ribeirão do Tempo" merece destaque positivo o casal de protagonistas formado por Liliana Castro e Angelo Paes Leme. Ela manteve o jeito apaixonado e se casou com o amor de sua vida, porém em um relacionamento de fachada o qual ela várias vezes se confunde com um casamento real. Esse, sem dúvida, é um dos melhores papéis de Liliana Castro - se não, o melhor - de toda sua carreira.

Também é destaque positivo as performances de Eduardo Lago e Umberto Magnani, que estão na Record há alguns anos mas que ainda não haviam mostrado o seu potencial. Eduardo chegou a emissora em 2007 após interpretar o polêmico alcoólatra Bira em "Páginas da Vida", da Globo. Os seus trabalhos em "Caminhos do Coração" foram bem feitos apesar de muito pouco terem acrescentado a sua carreira de ator. Como Lincon, Eduardo finalmente vem mostrando a que veio.

O mesmo se aplica a Umberto Magnani, que também saiu de "Páginas da Vida" e mesmo tendo feito duas novelas na sequência, nenhuma delas o aproveitou como deveria. "Amigas e Rivais", do SBT, pouco acrescentou ao ator enquanto "Chamas da Vida", apesar de seu ótimo texto, não concedia a Umberto um décimo do potencial que está mostrando como Ajuricaba.

Por fim, merecem destaque também Caio Junqueira e Aline Borges. Caio interpreta o detetive Joca e vem mostrando ser um excelente ator ao exorcizar por completo seu último personagem, o violento policial Homero. Houve uma mudança total e mesmo quem acompanhou às duas produções, não consegue remeter um personagem ao outro. Caio é um ator que tem vinte anos de carreira, porém o salto que teve nos últimos dois anos é maior que o que desenvolveu em metade dessas duas décadas.

Já Aline Borges também vem convencendo como Ellen e assim como Caio Junqueira, se livrou totalmente de outro grande papel, a Lacraia, de "A Lei e o Crime". De traficante para boa moça, Aline mostrou que pode ser uma das apostas da Record para sua dramaturgia.

"Ribeirão do Tempo" também tem seus pontos negativos no que diz respeito ao seu elenco. O maior deles ainda é Bianca Rinaldi, que de tantas mocinhas ainda não conseguiu convencer como empresária fria e com traços de vilã. Está longe disso.

O mesmo se aplica a Leticia Medina, a Diana, adotada pela personagem de Bianca. As duas já haviam trabalhado juntas - e em uma relação muito próxima - em "Caminhos do Coração". Na época, Bianca Rinaldi fazia um de seus melhores papeis, enquanto Letícia emplacava um dos primeiros de sua carreira. Hoje o saldo é negativo, afinal Bianca não convence tanto como Arminda, assim como Letícia não ter evoluído como poderia.

De toda forma, "Ribeirão do Tempo" ainda deve ter mais três ou quatro longos meses no ar. Cabe a Marcílio Moraes tornar a história ainda mais interessante para disputar com a pesada concorrência que vem por ai com o "Big Brother Brasil". E de toda forma, independente da concorrência, o autor terá a difícil missão de manter o telespectador em sua novela até seu desfecho.

Fonte: André Luiz Batista

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