Ótima estreia a de “Sangue Bom”, nesta
segunda-feira (29/04) – a nova novela das sete da Globo, de Maria Adelaide Amaral
e Vincent Villari. Um primeiro capítulo bem dirigido (Dennis Carvalho, Carlos
Araújo e equipe), marcado por agilidade, com cenas curtas e clipadas. A dupla
de novelistas veio com um texto afiadíssimo, em diálogos rápidos, espirituosos
e sarcásticos – lembrou o texto de Carlos Lombardi. Frases de duplo sentido e
expressões irônicas: “Não gosto de mulher que pisa” (personagem desaprovando
slogan de campanha de sapato), “Mas morreu em que sentido?” (Barbara
Ellen/Giulia Gam ao saber que o ex-marido havia morrido), “cara de cu-í-ca”
(outra de Barbara Ellen, que, parece, tem muito a dizer na novela).
Será que os autores continuam neste ritmo ou
foi apenas para impressionar? Pergunto porque não é bem o estilo das novelas de
Maria Adelaide Amaral. Parece claro que “Sangue Bom” bebeu da fonte dos dois
últimos sucessos do horário das sete: “Ti-ti-ti” (2010), também de Maria
Adelaide e Villari, e “Cheias de Charme” (2012), de Filipe Miguez e Izabel de
Olveira. Como elas, a nova trama das sete é colorida, viva, e combina com a
agilidade proposta.
Agilidade também combina com juventude – reza
a cartilha publicitária. Não por acaso, não se viu atores mais velhos no
elenco. Os protagonistas são seis personagens jovens, em seus dramas de ter e
ser. O mundo das celebridades e seus clichês ficaram explicitados em vários
diálogos e situações. Lembrou a série “A Vida Alheia” (2010), de Miguel
Falabella, e a novela “Celebridade” (2003-2004), de Gilberto Braga – que também
tinha Dennis Carvalho na direção geral.
Referências à parte, “Sangue Bom” deve
demarcar sua identidade própria já nos próximos capítulos. E passa longe de
qualquer comparação com “Malhação” – como chegou a ser cogitado quando as
primeiras chamadas foram veiculadas.
Os personagens centrais – que são vários –
foram quase todos apresentados já nesta estreia, mesmo que em cenas rápidas –
já deu para sentir a tônica deles (Bruno Garcia, Letícia Sabatella, Marisa
Orth, Ingrid Guimarães, por exemplo). A trilha sonora, bastante executada,
também chamou a atenção: hits internacionais e regravações brasileiras
“descoladas” – como o próprio tema de abertura.
Malu Mader, quem diria, foi parar na Zona
Norte de São Paulo, fazendo papel de pobre – ou de “nova classe C”. Os bairros
da região foram devidamente mapeados e citados. A nova classe C – lembrada no
texto – se sentiu homenageada. A Globo parece que não quer mais esquecê-la –
como aconteceu em “Guerra dos Sexos”.
Fonte: Nilson Xavier, do UOL
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