Com quase 55 anos de carreira televisiva, Raul Gil ficou marcado por seu bom humor e jeito irreverente de apresentar. Aos 72 anos, ele se classifica como um animador e não pensa em aposentadoria. "A vida é igual bicicleta. Quando para, cai", filosofa, aos risos. É seguindo esse lema que Raul está de volta ao SBT. Apesar de não apresentar grandes mudanças no formato de seu "Programa Raul Gil", o apresentador não esconde a empolgação com o retorno à emissora de Silvio Santos, onde trabalhou durante os anos de 1981 e 1985. "Era um sonho voltar ao SBT. O Silvio compreende as dificuldades e entende como funciona um programa de auditório", conta. O convite surgiu através do Jassa, cabeleireiro de Silvio e amigo de Raul. Já sabendo do interesse de Raul em voltar ao SBT, Jassa sugeriu que Silvio contratasse o apresentador. "Acho que, enquanto penteia o cabelo dele, o Jassa fica falando coisas na orelha do Silvio", brinca.
O desejo de apresentar um programa no SBT, no entanto, se intensificou depois que Raul foi parar na Band. Com o grande envolvimento da emissora com o esporte, o "Programa Raul Gil" sofria frequentes mudanças de horário, cortes e, às vezes, nem ia ao ar por causa da transmissão da Fórmula Indy. "Em novembro, gravei cinco horas de programa. Em janeiro, contrataram o vôlei e tiraram duas horas do programa e todo o trabalho não foi ao ar", lamenta. Apesar do desgosto aparente, Raul nega que sua saída tenha causado melindres na emissora. A quebra do contrato, que ia até fevereiro, foi um acordo amigável entre ele e Johnny Saad, presidente da Band. "Não briguei com ninguém, só achei melhor sair. O Silvio não mexe com esportes. A cara do SBT são os programas de auditório, então o espaço para show é bem melhor", ressalta.
Repetindo os já conhecidos quadros como, "Homenagem ao Artista", "Para Quem Você Tira o Chapéu?" e "Eu e as Crianças", as novidades do programa ficaram por conta do figurino de Raul Gil. Com um visual repaginado, o apresentador abandonou o terno e a gravata e agora se veste de maneira mais casual. A ideia veio do filho, Raul Gil Jr, diretor do programa, com o intuito de chamar atenção para um público mais jovem. "Sempre me dediquei a usar essa roupa perante o público. Mas meu filho falou: 'Pai, vamos dar uma mudada, tirar essa gravata e colocar uma calça jeans'", explica ele, que mesmo com o novo visual não abriu mão de continuar usando o microfone dourado. "Isso eu não posso largar. Foi um presente da Warner como um reconhecimento ao sucesso do programa", conta, orgulhoso.
Porém, a mudança mais significativa talvez seja a ausência de José Messias e Marly Marley. A dupla de jurados que já acompanhava Raul Gil há 12 e 23 anos, respectivamente, está afastada do júri do quadro de calouros "Jovens Talentos". "Os jovens estão procurando interpretar músicas atuais, inglesas. Por isso, procuramos botar jurados mais novos no júri", revela ele, adiantando que Messias e Marly não vão ficar de fora do programa por muito tempo. A direção vai criar um novo quadro para que eles possam continuar fazendo parte do programa. Já o "Banquinho", famoso quadro criado por Raul que reúne músicos em uma disputa de perguntas e respostas não tem previsão para voltar ao ar. Para o apresentador, o momento da música atual não é ideal para o sucesso do quadro. "Hoje está meio difícil fazer o 'Banquinho'. Na época dos grandes sucessos de axé, sertanejo e pagode funcionava. Quando a música popular estiver forte de novo, retornaremos", garante.
Fonte: UOL TV
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