Em 1951, um fotógrafo se recusou a registrar
o primeiro beijo dado em telenovelas brasileiras. "Mesmo 'levando um pito'
do diretor, ele perguntou: por que vou fotografar algo que ninguém vai
publicar?", conta a protagonista da cena, Vida Alves, 83.
O beijo trocado com o diretor, autor e ator
de "Sua Vida Me Pertence", Walter Forster (1917-1996), foi exibido ao
vivo. "Hoje, só é contado por mim porque o Walter faleceu."
Vida não viu o primeiro beijo entre mulheres
em novelas, exibido pelo SBT --ela mesma já beijou uma mulher em cena no
teleteatro "Calúnia", em 1963.
Para a atriz, não é o caso de se dar muita
importância ao fato de não ter ido ao ar um beijo entre homens. "Isso vai
acontecer daqui a pouco. O importante é não ser uma coisa comercial", ela
explica. "A arte tem que ter ousadia, abrir caminhos. Mas gratuitamente
fazer algo forte para ganhar mais, não gosto, não fiz."
Sessenta anos depois, novelas, para Vida, são
apenas diversão. Seu trabalho agora é pela a memória da TV no Brasil. Seu
sonho, um museu, para o qual gostaria de contar com apoio da Globo.
O primeiro passo foi transformar a casa na
sede da Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão
Brasileira. "Tento não permitir o esquecimento." Ela conta sobre a
brincadeira que faz com um colaborador. "Digo: você é o historiador, e eu
sou a história."
Fonte: Folha
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