Apesar de ter sido torturado durante o
ditadura militar no Brasil (1964-1985), Amado Batista, 62, afirmou não se
sentir vítima do Estado. Durante entrevista no programa "De Frente com
Gabi" desta segunda-feira (27), o cantor comparou seus torturadores a
"uma mãe que corrige um filho".
"Não. Eu acho que mereci. Fiz coisas
erradas, eles me corrigiram, assim como uma mãe que corrige um filho. Acho que
eu estava errado por estar contra o governo e ter acobertado pessoas que
queriam tomar o país à força. Fui torturado, mas mereci", afirmou ele.
Batista contou à Marília Gabriela que, quando
tinha entre 18 e 19 anos, antes de se tornar músico profissional, trabalhava em
uma livraria. Isso fez com que ele facilitasse o acesso de intelectuais a
livros considerados subversivos na época.
O músico ainda afirmou que aceitou enviar
somas de dinheiro a um professor universitário do Maranhão, que, mais tarde,
descobriu estar envolvido em ações clandestinas de grupos esquerdistas.
De acordo com Amado Batista, quando os
militares investigaram seus clientes na livraria, acabaram chegando até ele.
Então, Batista ficou preso por dois meses: "me bateram muito. Me deram
choques elétricos".
Depois que o soltaram, todo machucado, ele
disse ter passado por um perrengue: "fiquei tão atordoado. Queria largar
tudo e virar andarilho".
Mas toda essa tortura não fez com que o
músico ficasse traumatizado. Pelo contrário, ele acredita que a repressão foi
um instrumento necessário naquele contexto, para evitar que "o Brasil
virasse uma (espécie de) Cuba".
Amado Batista recebe uma indenização do
governo depois de ter sido procurado pela Comissão da Verdade, que investiga
violações de direitos humanos praticados durante o regime militar. "Recebo
um salário de cerca de R$ 1.000, há algum tempo, mas acho desnecessário."
Fonte: Yahoo
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