Quando a Record resolveu investir pra valer
em teledramaturgia, percebeu que um bom – e talvez o único – caminho era tentar
fazer folhetins com a mesma qualidade da TV Globo. Então, investiram o mesmo ou
muitas vezes até mais que sua concorrente. Chegaram no ringue pra valer, pra
lutar e ganhar a briga.
Funcionários de todas as áreas foram contratados.
A emissora até conseguiu exibir produtos de qualidade e o público, claro,
correspondeu – o último capítulo de “Vidas Opostas” chegou a 29 pontos de
audiência, índices parecidos com os de uma novela das 19h da Globo.
Mas o tempo passou e, talvez por causa da
prepotência em excesso de seus executivos, a emissora acumulou equívocos
consecutivos em suas tramas: produções com mais de 250 capítulos, continuações
de “sagas”, salários exorbitantes para atores medianos, histórias que deixaram
de atrair o público, como “Ribeirão do Tempo”, por exemplo, e diversos outros,
que precisariam de um livro para serem totalmente citados.
Numa medida emergencial, surgiu a ideia de
produzir “Dona Xepa”, sem grande investimento, com autor novo, elenco enxuto,
história simples, com somente 90 capítulos, mas com o mesmo potencial de uma
mega produção como “Máscaras” ou “Balacobaco”.
E o folhetim de Gustavo Reiz estreou dentro
dessa atmosfera nesta terça-feira (21). De cara, deu para perceber que não é um
produto com grandes perspectivas. Não que isso signifique que não possa dar
certo ou que não tenha qualidade. Pelo contrário. O primeiro capítulo mostrou
que “Dona Xepa” pode servir como um belo trampolim para que a Record volte a
ter altos índices no Ibope com suas novelas.
Xepa (Ângela Leal), Matilde (Bia Montez) e
Dorivaldo (Bemvindo Sequeira) prometem tirar boas risadas do público enquanto
estiverem na feira. As histórias de Xepa e seus filhos, o bom rapaz Édison
(Arthur Aguiar) e a vilã Rosália (Thais Fersoza), tem a missão de envolver o
público principalmente por conta do amor incondicional que a feirante mostrará
ter para com eles.
O núcleo de Isabela (Gabriela Durlo) e Vitor
Hugo (Marcio Kieling) também se mostrou interessante nesse primeiro momento – o
telespectador gosta desse tipo de romance.
Mas o que chamou atenção mesmo foi o texto
simples, mas consistente, do estreante em novelas Gustavo Reiz, diferente da
grande maioria das tramas da Record, onde imperam os clichês e a falta de
verossimilhança dos diálogos – e isso, acredite, tem o poder de afastar o
público.
Então, fica aqui o elogio para a bem feita
“Dona Xepa”. A nova produção é certamente o passo pra trás que a emissora
precisa para dar o impulso e voltar ao patamar de 15 pontos de audiência com
suas novelas.
Carlos Lombardi, que virá a seguir com
“Pecado Mortal”, que terá ares de superprodução, lembrando as novelas que
fizeram sucesso na Record, será certamente o impulso que o canal precisa.
Mas o passo pra trás é importante.
Fonte: Na Telinha
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