sábado, 24 de novembro de 2018

O que esperar de Lilia Cabral em ‘O Sétimo Guardião’


Lilia Cabral é a personificação da maldade na pele de Valentina em “O sétimo guardião”. Incapaz de amar o filho, Gabriel (Bruno Galiasso), e capaz de matar, a vilã da novela das nove promete ser um marco na carreira da atriz de 61 anos, que se reencontra com a obra de Aguinaldo Silva, autor com quem trabalhou anteriormente em tramas como “Tieta” (1989), “Pedra sobre pedra” (1992), “Fina estampa” (2011) e “Império” (2014). “Valentina é uma grande personagem, e eu vou fazer tudo para que ela seja bem defendida”, anuncia a atriz.

Como você descreveria Valentina, a principal vilã de “O sétimo guardião”?
Valentina é uma mulher amargurada, que já nasceu má, mas só descobriu esse traço da sua personalidade quando foi abandonada no altar. Ela enriqueceu, ficou empoderada e percebeu que poderia tomar as atitudes que quisesse, até mesmo mandar matar alguém. Valentina não tem nenhum lado de afeto. Ela inclusive não gosta do próprio filho, Gabriel (Bruno Gagliasso). Definitivamente, ela não é uma pessoa do bem. E, infelizmente, no mundo, tem muita gente dissimulada como Valentina.

O fato de ter sido abandonada no altar por Egídio (Antonio Calloni) foi definitivo para que Valentina se revelasse tão perversa?
Não. Quantas são abandonadas ou quantas tragédias podem acontecer com uma menina nova e nem por isso a pessoa se transforma em alguém intragável!? Eu não acredito que ela tenha virado má. Ela sempre foi má.

Valentina sai de São Paulo e volta para sua cidade natal, Serro Azul, para se vingar. O que você pensa disso?
Vingança é uma perda de tempo. Temos que nos apegar a coisas que valham a pena. As outras, temos que deixar para trás.

Fora da ficção, é possível uma mãe não amar o próprio filho?
Possível é, mas, graças a Deus, eu, particularmente, não conheço nenhuma mãe assim.

Você se inspirou em alguma outra vilã para construir Valentina?
Ela é minha (risos). Gosto de fazer esse lado dissimulado que Valentina tem. Amo fazer as pessoas chorarem comigo e, em cinco minutos, perceberem que não é nada daquilo.

As vilãs do autor Aguinaldo Silva costumam ter alguns bordões e um toque de humor. Valentina foge à regra?
Eu não gosto de bordão, e ele não me deu bordão algum. Valentina fala algumas coisas divertidas, até pode repeti-las, mas isso não significa que sejam bordões. Desde que interpretei Amorzinho (“Tieta”, em 1989), que vivia falando “Ciniiiiira”, eu me irritei com esse recurso.


O realismo fantástico, de volta às novelas de Aguinaldo Silva em “O sétimo guardião”, estava fazendo falta na televisão?
Com certeza. Tem uma geração que não conhece o que é esse realismo mágico. E é muito importante conhecer, porque faz parte da história da dramaturgia brasileira. Essas pessoas vão ver como é bom se desligar um pouco da realidade e começar a assistir a uma novela como se estivesse lendo um livro.

Como se sente ao ter seu trabalho reconhecido pelo público e pela crítica num país em que a arte é pouco valorizada?
Quando decidi ser atriz, sabia que o caminho a trilhar seria difícil, mas nunca desisti. Então, saber que eu posso sobreviver da arte me deixa feliz. O fato de as pessoas enxergarem nossa imagem e pensar que aquilo vai ser sucesso porque estamos lá é de grande responsabilidade, e dá um medo insuportável pelo estigma..

A nova novela das nove tem uma fonte rejuvenescedora. Você tem essa preocupação de não envelhecer?
Eu não tenho interferência cirúrgica e nunca coloquei botox. Tenho, sim, uma genética muito boa que é familiar, e isso ajuda bastante. Não adianta eu querer ser mais nova ou até mentir a minha idade, porque algum amigo vai saber. Tenho 61 anos e faço aquelas coisas normais de mulher. Sou vaidosa, não gosto de comer coisas gordurosas, faço pilates... Tenho todo um cuidado, mas voltado para a saúde em primeiro lugar.

“O sétimo guardião” tem uma temática sobrenatural. Você é mística?
Sou religiosa. Gosto dos meus santinhos, mas não sou mística. Às vezes, me dão uma pedra, e eu até me esqueço dela (risos). Se eu fosse mística, eu estaria grudada com a pedra, mas, em compensação, não saio de casa sem meu Espírito Santo, sem minha Nossa Senhora. Estou sempre com um santo.

Alguns antigos trabalhos seus foram reprisados recentemente, como “Tieta” (1989, exibida em 2017 no canal Viva). Você tem o costume de se ver nessas reprises ?

Gosto. Se minha vida tivesse ido para trás, não gostaria de me ver. Mas a vida da gente mudou tanto. Imagina, quando eu comecei não tinha filha, marido, minha casa... Olho agora com alegria para o meu crescimento, com todas as dificuldades que a gente passa — porque a gente passa mesmo —, mas não fico saudosista.


Fonte: Jornal Extra

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