Silvio Santos não estava de todo errado ao apostar novela “Ana Raio e Zé Trovão”. Tão logo anunciada a reestreia, um temor tomou conta da crítica: qual seria o apelo de uma novela antiga, com fitas desgastadas, que obrigou até mesmo uma reedição para suprimir trechos defeituosos? E para surpresa de todos o desempenho está sendo dos melhores.
Deu certo com “Pantanal” e está dando com “Ana Raio”. Com “Dona Beija” nem tanto, mas também pudera: era a quarta vez que a novela era exibida...
Mas a maior lição dessas aventuras pelo acervo da emissora dos Bloch talvez não seja assimilada nem por Silvio Santos, nem pela rede Record, infelizmente e muito menos pela poderosa Globo.
A grande lição é: a Manchete só conseguiu fazer novelas tão boas, capazes de proezas no disputado ibope de hoje, porque tinha um estilo próprio. Ao invés de se limitar a copiar o padrão ditado pela Globo, a Manchete optou por um outro caminho, o da ousadia, o da inovação, o de fazer o que a outra não fazia.
E um outro traço marcante nessas histórias é que elas retratam um Brasil rural, fora do eixo Rio-São Paulo. Talvez seja hora da TV buscar um pouco as raízes, a cultura popular. Quem vive na metrópole hoje, ou nasceu na zona rural, ou é filho de alguém que nasceu. Porque as pessoas têm vergonha de parecer caipiras? Onde estão as novelas nordestinas de Aguinaldo Silva que tanto ibope deram?
Já que preocupa tanto a queda no ibope das novelas, seria interessante perguntar ao povão o que eles querem ver nas tramas...
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