Carmem Lúcia (Adriana Esteves) não morreu, não
ficou louca e nem deu uma banana para o Divino. Provavelmente por isso, muita
gente reclamou da ausência de uma reviravolta no capítulo final de 'Avenida
Brasil'. Porém, o efeito surpresa foi justamente este: a redenção de Carminha.
De fato, tirando o desfecho da vilã e de Nina
(Débora Falabella), que foi sensacional, o final deixou a desejar, ainda mais
levando-se em consideração a qualidade ímpar apresentada pela trama desde o
primeiro capítulo. O desenrolar do assassinato de Max (Marcello Novaes), por
exemplo, foi tosco. Quase todos tiveram alguma participação no crime, mas quem
acabou com a vida do pilantra foi Carminha, que se entregou e pagou pelo crime
que cometeu. Neste caso, o inesperado seria mais interessante! Já Santiago
(Juca de Oliveira) apareceu no meio da novela, virou vilão da noite pro dia e
sumiu sem ter um destino definido. Ninguém sabe se ele morreu, fugiu, foi preso
ou se ainda ronda a filha no lixão.
Furos e situações surreais à parte, que
acontecem nas melhores novelas, João Emanuel Carneiro brilhou em 'Avenida' e
conseguiu atingir seu objetivo: humanizar sua vilã e fazer o público questionar
a índole da mocinha. Nina e Carminha trocaram de papel diversas vezes e
deixaram os telespectadores divididos. E, sinceramente, o autor surpreendeu sim
ao mostrar uma Carminha disposta a pagar pelos seus erros e comovida com o
perdão das principais vítimas de suas armações.
O destaque do capítulo desta sexta-feira (19)
não poderia ter sido outro: o emocionante acerto de contas entre a vilã e Rrrrrrrrita
(e a atuação das excelentes atrizes!). Sem deixar sua vilania de lado, ao
chamar Nina de traste e Lucinda (Vera Holtz) de velha, Carminha perdoou e foi
perdoada. Foi comovente ver a alegria dela ao perceber, pela primeira vez, que
Jorginho (Cauã Reymond) estava disposto a recebê-la como mãe. E, até mesmo, ao
trocar um abraço sincero com sua maior rival.
É claro que todos sonhavam em ver a ex-esposa
de Tufão (Murilo Benício) triunfante, como sempre, ou vibrando por ela mesma
depois de mais uma golpe, com o famoso gritinho de guerra 'Carmiiinhaaa,
Carmiiinhaaa', mas isso seria muito óbvio e bem menos desafiante do que fazer o
público chorar com uma antagonista. Neste ponto, o mérito não é apenas do
novelista. Adriana Esteves se superou ainda mais nas cenas finais de sua
personagem e deu sua última e inesquecível contribuição para eternizar a vilã
que todo o Brasil amou odiar.
Fonte: Yahoo
Nenhum comentário:
Postar um comentário