Depois de tanta movimentação em torno do
final de “Avenida Brasil”, mais uma novela das 21h terá início nesta
segunda-feira (22). Trata-se de “Salve Jorge”, folhetim de Glória Perez, que
abordará, entre outros temas, o tráfico de pessoas e a pacificação de favelas.
A autora contou como surgiu a ideia dessa
história. “A ideia surgiu da minha emoção de assistir a retomada do Alemão, o
resgate daquela população que durante gerações viveu oprimida pelo poder do
tráfico”, disse.
Glória Perez comentou também do desafio de
escrever uma novela nos tempos atuais: “Cada época tem interesses diferentes,
problemas diferentes, perspectivas diferentes. E as novas tecnologias vão
introduzindo novas possibilidades de conflitos”.
Questionada sobre o que um folhetim necessita
para conquistar público, a autora é direta: “Um pouco de tudo: amor, emoção,
humor, suspense. Precisa surpreender”. Confira a entrevista:
Como
está a expectativa para o início de mais uma novela das 21h na Globo?
Hoje vi o “copião” do primeiro capítulo: é
bom demais ver todo aquele trabalho de pesquisa, as horas dedicadas a escrever
os capítulos, tomando forma real! Estou feliz com o resultado.
Escrever
novela hoje em dia é diferente, com mais concorrência e uma sociedade que mudou
muito nos últimos tempos? No que, exatamente, é diferente?
Com certeza é diferente. Cada época tem
interesses diferentes, problemas diferentes, perspectivas diferentes. E as
novas tecnologias vão introduzindo novas possibilidades de conflitos, embora os
sentimentos básicos dos seres humanos continuem os mesmos. Por outro lado, hoje
as pessoas têm cada vez mais opções de diversão: a internet, as TVS a cabo, etc.;
e isso nos obriga a procurar temas e maneiras mais atraentes de abordar os
velhos conflitos.
Como
surgiu a ideia de escrever "Salve Jorge" e os temas que a novela
abordará?
A ideia surgiu da minha emoção de assistir a
retomada do Alemão, o resgate daquela população que durante gerações viveu
oprimida pelo poder do tráfico. Acredito que nenhum brasileiro tenha deixado de
se emocionar quando nossa bandeira foi fincada ali. Guerreiros era a palavra
que definia aquela gente que conseguiu sobreviver e manter a esperança em
condições tão difíceis. Quando a gente pensa em guerreiro, pensa no mito de São
Jorge. São Jorge nasceu na Capadócia, e eu precisava de um país estrangeiro
para contar uma história de tráfico internacional de pessoas. Assim se costurou
a sinopse.
E por
que abordar o tráfico de pessoas na novela?
Porque é um drama terrível que acontece
debaixo do nosso nariz e permanece invisível: grande parte das pessoas nem sabe
que existe. A chamada "escravidão moderna" é um crime muito rentável:
pra se ter uma ideia, o lucro é de 32 bilhões de dólares por ano.
Então
tem como explicar rapidamente a história pra gente?
É a história de Morena, uma jovem moradora do
complexo do Alemão, nascida e criada ali. Foi mãe precocemente aos 14 anos.
Quando a novela começa, acontece a tomada do morro, o início da pacificação,
que é feita por oficiais da cavalaria. Ela se apaixona pelo capitão Theo
(Rodrigo Lombardi), que namorava, então, uma colega de farda, a tenente Érica
(Flavia Alessandra). As dificuldades financeiras enfrentadas por Morena fazem
com que ela aceite um emprego de três meses no exterior: assim ela se torna
vítima do trafico internacional de pessoas. A novela é a sua luta para resistir
e a luta de Theo para libertá-la.
Você
participou da escolha dos atores para "Salve Jorge"?
Claro que sim.
Você
pretende ir construindo "Salve Jorge" conforme o público for
respondendo ou já há algo fechado para a obra?
Não, a novela é uma obra aberta, mas obra
aberta não quer dizer sem rumo: há uma espinha dorsal muito bem definida. É
claro que acompanho as reações do público. Se ele não gosta, mudo a forma de
contar. O público gosta de ser surpreendido. Uma novela ou um filme que tenha
um desenrolar obvio, não agrada a ninguém.
Na sua
opinião, qual é a diferença de "Salve Jorge" para outras novelas de
sua autoria?
É uma história completamente diferente das
que eu contei antes.
Você já
foi assediada por alguma emissora para sair da Globo?
Sim. E até já saí uma vez: fui para a
Manchete escrever "Carmem".
Para
você, o que uma novela tem que ter para ser boa?
Um pouco de tudo: amor, emoção, humor,
suspense. Precisa surpreender.
Alguns
autores fazem uso de mistérios do tipo "quem matou?" para alavancar a
audiência e prender público. O que você acha disso?
É um recurso. Não utilizei ainda, mas é um
recurso muito típico dos folhetins.
Fonte: Na Telinha
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