sábado, 31 de outubro de 2009

“Caras e Bocas” supera “Viver a Vida” no ibope




O que parecia improvável aconteceu: a novela “Caras e Bocas” registrou audiência superior à da novela “Viver a Vida”. O inusitado fato aconteceu no dia 28/10, quarta-feira, na região metropolitana de São Paulo e por um placar apertado: 36 X 35. Mas nem esse mísero pontinho diminui o mérito da conquista. Segundo o que sempre se acreditava, programas que entram no ar mais tarde tendem a ter audiência maior.

Esse fato levanta algumas questões: porque uma novela das 8, produção muito mais bem cuidada, rica em cenas gravadas em vários lugares do mundo, vem tendo dificuldade em se firmar enquanto uma novela de produção bem mais modesta vem conquistando cada vez mais telespectadores? A resposta é simples: está no estilo da narrativa e em muito depende dos nossos colegas roteiristas. Enquanto Manoel Carlos se arrasta com uma narrativa morna, com cenas longuíssimas, discutindo futilidades como decoração, bebidas, roupas e tratamentos de beleza, Walcyr Carrasco aposta em uma trama ágil, dinâmica, cheia de aventuras e reviravoltas. Embora muitos digam que o grande trunfo das novelas do Maneco seja o realismo e a sensibilidade com que ele trata os sentimentos e o dia a dia, há quem discorde disso e com razão: os personagens do Maneco parecem não viver no Brasil. A maioria vive no Leblon, circula em carrões importados, helicópteros e iates. Os empregados devem receber rios de dinheiro, porque não têm problemas e vivem rindo de orelha a orelha. As mulheres são mais fúteis impossíveis... Onde está a realidade nisso? Outro ponto positivo da novela das 7 foi a antecipação. A novela usou a mesma tática de João Emanuel Carneiro em “A Favorita”, que ao invés de guardar o grande segredo da história para o último capítulo, antecipou a revelação para o meio da história e com isso desencadeou uma sequência de reações em diversos núcleos. No caso de “Caras e Bocas” a revelação bombástica diz respeito ao macaco Xico, que é o verdadeiro pintor dos quadros.

Enfim, “Caras e Bocas” recuperou a audiência das 19 horas e aponta para um novo caminho: o público prefere tramas ágeis e dinâmicas, muito mais parecidas com o dia a dia das grandes cidades. E fica um recado para os colegas roteiristas: fiquem de olho!

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