segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Negras em alta na TV



Não é de hoje que atrizes e atores negros reivindicam espaço na TV brasileira, também pudera: num país onde 51% da população se declara negra ou parda, isto é justíssimo. Atualmente três das cinco novelas da Globo têm protagonistas negras: Taís Araújo, em "Viver a Vida", Camila Pitanga, em "Cama de Gato", e Élida Muniz, em "Malhação". Algumas pessoas consideram isso um progresso, porque houve um tempo em que personagens negros sequer tinham nomes nas tramas. Quem afirma isso é a veterana Ruth de Souza, uma das primeiras atrizes negras a fazer TV no Brasil. Em “Sinhá Moça” (2006), seu papel não tinha nome, era apenas "a velha". Seu par, vivido pelo ator também negro Clementino Kelé, era o Pai Tobias. "Eu disse: 'Será possível que a pobre dessa personagem não tenha nem nome?'. Aí botaram Mãe Maria. E falei: 'É Mãe Maria, Pai João e o moleque de recados. Como sempre. E nós já estamos no século 21."

Entre os autores, Silvio de Abreu, que colocou uma família negra classe média na novela “A Próxima Vítima” (1995), argumenta que o problema era a falta de jovens atores negros, já que ele escreve seus personagens sob medida para determinados atores. Ou seja, primeiro ele escala o ator e depois cria o personagem.

João Emanuel Carneiro, que escalou Taís Araújo para a primeira protagonista negra no horário das 19 horas em “Da Cor do Pecado” (2004) afirma que "temos excelentes atores negros e é importante que eles não façam papéis de 'negros'".

Enfim, que os negros são belos e talentosos, ninguém tem a menor dúvida, mas eu enquanto roteirista acredito que a grande barreira sempre veio de cima dentro das emissoras. Os autores não têm problema algum em escrever e escalar atores negros. Mas o que sempre existiu foi uma barreira cultural, de que negro só poderia fazer papel de pobre, empregado, bandido, etc. Vejam o caso do cinema onde o poder de decisão é descentralizado. Ali os negros fazem papel de destaque há tempos e estão aí brilhando em centenas de títulos...

Assim como a questão da homossexualidade é um tabu que vem sendo rompido ao longo dos anos na TV brasileira, vejo que a escalação de atores negros para papéis importantes vem seguindo o mesmo caminho. Aleluia!

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