Campeã de audiência e verdadeiro fenômeno nas
ruas e nas redes sociais, a novela "Avenida Brasil" sai do ar nesta
sexta-feira, mas com certeza deve entrar para a história do gênero como a
primeira produção da teledramaturgia tupiniquim a centrar sua trama na chamada
nova classe média brasileira.
Barulhentos, sem modos, mas trabalhadores
alegres e solidários: assim são as personagens de "Avenida Brasil",
espelho dos milhões de brasileiros que saíram da pobreza e que claramente
aprovaram sua caracterização nesta obra de ficção que leva diariamente 38
milhões de pessoas para a frente da tv.
Em seus últimos dias no ar, a criação de João
Emanuel Carneiro virou tema obrigatório nas conversas até mesmo das poucas
pessoas que não acompanham a trama. Artistas retardam o início de seus shows,
compromissos são marcados para depois da exibição do capítulo e até os
motoristas de taxi acompanham a trama no próprio carro.
A febre de "Avenida Brasil"
alterou, inclusive, a agenda da presidente Dilma Rousseff, que mudou a data de
um comício de apoio ao candidato do PT à Prefeitura de São Paulo para que não
coincidisse com o último capítulo da novela.
Dilma também participará nesta sexta em outro
comício em Salvador, mas o evento deverá terminar antes do início da telenovela.
E, para evitar a dispersão dos partidários o PT, decidiu instalar no local um
telão para que o último capítulo possa ser acompanhado.
Esta é a novela mais comentada dos últimos
anos e a população incorporou as expressões e trejeitos dos personagens da história.
Nos estádios, quando um time joga mal, a torcida costuma gritar o nome do
Divino Futebol Clube, o time fictício de terceira divisão da novela.
Para criar a trama, João Emanuel Carneiro
disse ter se inspirado na chamada "classe C", que representa quase
55% dos 195 milhões de habitantes do país, sexta economia do mundo.
As fileiras da classe C foram engrossadas com
as políticas sociais do governo, que nos últimos anos tirou mais de 40 milhões
de pessoas da pobreza.
A
classe C, reflexo do novo Brasil - "Foi uma grande ideia centrar a novela
na classe média emergente. É o reflexo do novo Brasil, das famílias que
ascenderam, conseguiram dinheiro, mas que não necessariamente têm boa
educação", explicou à AFP o sociólogo Geraldo Tadeu, do Instituto Universitário
de Pesquisas do Rio (Iuperj).
A vingança de Nina contra a vilã Carminha
constitui o elo condutor da trama, mas são os novos ricos, com seus exageros e
sua espontaneidade que são a base e atração maior.
A novela também reflete a vida do pequeno empresário,
como Monalisa, batalhadora dona de uma rede de salões de beleza, e do
trabalhador comum.
"É uma classe emergente, que está
consumindo e tem orgulho do que é, e isto é muito importante", afirma
Mauro Alencar, especialista em teledramaturgia brasileira, em uma recente
entrevista à Globo News.
O fenômeno "Avenida Brasil" também
é comprovado pela repercussão nas redes sociais, onde cada capítulo domina os
"trend topics".
"As redes sociais não roubam audiência,
e sim potencializam a comunhão que existe entre o público e a novela. É
delicioso acompanhar ao mesmo tempo a novela e os comentários no Facebook e
Twitter", comenta o diretor da novela, Ricardo Waddington, falando ao
jornal O Dia.
Fonte: Yahoo
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