domingo, 7 de maio de 2017

Morre a atriz Neuza Amaral


Neuza Amaral morreu na quarta-feira (19), no Rio, aos 86 anos. Ela estava internada desde sábado (15) e morreu de embolia pulmonar.

Foi com determinação que a menina pobre do interior de São Paulo, filha de pais analfabetos, se tornou uma das maiores atrizes brasileiras. Em 1970, já na Globo, viveu Branca, em “Irmãos Coragem”.

Em “Fogo sobre terra”, uma das cenas mais marcantes da carreira: a personagem Nara morre durante uma inundação na cidade fictícia de Divineia. Em “Bravo”, escrita por Janete Clair em 1975, a personagem que ela interpretou passava por uma cirurgia plástica. E Neuza Amaral convenceu a autora de que poderia ser submetida a uma cirurgia de verdade, para que realmente tivesse feições diferentes, depois de concluída a operação.

Uma de minhas lembranças mais remotas de televisão é da atriz Neuza Amaral sendo tragada pelas águas de uma represa que invadiram sua casa, na novela “Fogo Sobre Terra”. Era janeiro de 1975, último capítulo. Essa cena ficou registrada em minha memória. Neuza imóvel e impassível (porque sua personagem negava-se a deixar a casa), e aquela água subindo.

Quem tem pelo menos 35 anos lembra da atriz das várias novelas da Globo em que atuou entre as décadas de 1970 e 1980.


Com Ênio Santos em “Fogo Sobre Terra” (1974-1975)

Neuza estava há muito tempo afastada da televisão. Sua última novela inteira foi “Brega e Chique”, há 30 anos. A atriz passou a dedicar-se à política e chegou a ser eleita vereadora no Rio de Janeiro, nos anos 1990. Até dez anos atrás, Neuza ainda era vista em novelas, mas em pequenas participações especiais – a última foi “Pé na Jaca”, em 2007.

Ao todo foram 29 novelas (inteiras). Participou da primeira telenovela diária brasileira, “2-5499 Ocupado”, na TV Excelsior, em 1963. Passou pela Record e Tupi até estrear na Globo em 1967 (em “A Sombra de Rebeca”). Só desligou-se da emissora quando deixou de atuar.


Com José Lewgoy em “Plumas e Paetês” (1980-1981)

Sempre com uma presença marcante, Neuza Amaral brilhou em quase todos os seus trabalhos, não importasse o tamanho, fazendo drama ou comédia, vilã ou bondosa. Em sua galeria de tipos, destacaram-se a vilã Veridiana de Albuquerque Medeiros em “A Grande Mentira” (1968), Ligia em “Véu de Noiva” (1969-1970), Branca em “Irmãos Coragem” (1970-1971), Walkíria em “Selva de Pedra” (1972), Maria Clara em “Os Ossos do Barão” (1973-1974), Nara em “Fogo Sobre Terra” (1974-1975), Fabiana di Lorenzo em “Bravo!” (1975-1976), Sara em “Duas Vidas” (1977), Emerenciana em “Cabocla” (1979), Bruna em “Plumas e Paetês” (1980-1981), Idalina em “Ciranda de Pedra” (1981), Zefa em “Paraíso” (1982-1983), Inês Fontes em “Sinhá Moça” (1986) e Luci em “Brega e Chique” (1987).


Com Jorge Dória em “O Pulo do Gato” (1978)

Curiosidade: várias novelas com Neuza ganharam remake com outras atrizes interpretando suas personagens: “Irmãos Coragem” (Tânia Loureiro), “Selva de Pedra” (Juliana Carneiro da Cunha), “Os Ossos do Barão” (Eugênia de Domênico), “Cabocla” (Patrícia Pillar), “Plumas e Paetês” (Giulia Gam em “Ti-ti-ti”), “Ciranda de Pedra” (Karen Coelho), “Paraíso” (Soraya Ravenle) e “Sinhá Moça” (Lu Grimaldi).




Com Juca de Oliveira, em “Pecado Rasgado” (1978-1979)

Neuza Amaral foi uma das grandes atrizes da TV brasileira deixou um legado importante, também no cinema e na vida pública.

Foram mais de 70 trabalhos no cinema, no teatro e na televisão. Na década de 1990, Neuza Amaral foi vereadora, no Rio. O último papel na Globo foi na novela “Pé na jaca”, em 2007.

Fontes: G1/ Maurício Stycer, do UOL

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