A Bahia, assim como todo o Norte e Nordeste,
é cenário para muitas obras do cinema e TV. O estado esteve retratado em
filmes, séries, minisséries e novelas. Jorge Amado é o escritor baiano que mais
teve adaptações de seus livros e contos. Confira algumas das mais marcantes
histórias ambientadas e retratando os costumes, desigualdades e delícias
típicas da Bahia.
"Gabriela, cravo e canela" é um
romance escrito por Jorge Amado em 1958. A história conta a saga de uma
retirante, fugindo da seca nos anos 20. Chegando em Ilhéus, o seu jeito simples
e brejeiro encantam o turco Nacib, dono de um bar na cidade. Surge o romance
que tem como pano de fundo os costumes conservadores, o poder dos coronéis e a
hipocrisia dos bons costumes escondidos entre os lençóis, traições e amores
proibidos. Nas telenovelas, "Gabriela" ganhou três versões: A
primeira foi em 1960 na TV Tupi tendo como protagonista a atriz Janete Vanelle,
escolhida por Jorge Amado para viver o papel. Sônia Braga ganhou notoriedade e
consagrou a personagem na nova versão quinze anos depois. Em comemoração ao
cententário de Amado, a novela ganhou um remake escrito por Walcyr Carrasco e
com Juliana Paes no papel principal. "Gabriela" também ganhou uma
versão para o cinema. O filme de 1983 foi dirigido por Bruno Barreto e tinha
Sônia Braga como protagonista. O ator Marcelo Mastroianni fez o papel de Nacib.
Como a
Bahia foi retratada?
Tanto no romance como nas adaptações, a Bahia da década de 20 foi retratada com
exatidão. O ciclo do cacau, o poder dos coronéis que comandavam o dinheiro e a
política do estado, bem como o universo povoado por bares, bêbados, jagunços,
beatas e prostitutas estiveram presentes. O bordel foi um dos pontos centrais
onde a trama se desenrolou dando um ar cômico à realidade violenta que cercava
aquelas cidades na época.
Baseada na obra homônima de Nelson Motta,
Sereia estrela um noir brasileiro, como diz o subtítulo do livro. Cantora de
sucesso, ela é a musa do Carnaval e aos 22 anos, no auge da carreira, é
assassinada em cima do trio elétrico. A microssérie reúne todos os elementos de
uma boa trama: suspense, romance e humor. E também conta com um time de peso
para dar vida à história. O texto é de George Moura, Patrícia Andrade e Sérgio
Goldenberg, com supervisão de Glória Perez. A direção de núcleo é assinada por
Ricardo Waddington e a direção geral é de José Luiz Villamarim. Além de Isis
Valverde como protagonista, o elenco tem Marcelo Médici, Gabriel Braga Nunes,
Marcos Caruso, Marcos Palmeira, Fabíula Nascimento, Frank Menezes, Fabio Lago,
entre outros.
Como a
Bahia foi retratada?
A minissérie retrata uma Bahia atual, moderna e festeira, com um dos Carnavais
mais tecnológicos e caros do Brasil. Cerca de 70% das cenas foram realizadas em
diversas locações em Salvador, como o Palácio do Governo, a Escadaria Santa
Barbara, a praça do Farol da Barra e proximidades do Pelourinho.
O filme dirigido por Monique Gardenberg (de
"Benjamim", 2003) é uma adaptação da peça escrita por Márcio
Meirelles. Assim como no teatro, conta a história dos moradores de um animado
cortiço do centro histórico do Pelourinho, em Salvador. Entre trambiques e
vadiagem, todos curtiam o último dia do Carnaval, quando a evangélica Dona
Joana resolveu estratagar a festa fechando o registro de água do prédio. O elenco
é do grupo Bando de Teatro Olodum e tem os amigos atores Wagner Moura e Lázaro
Ramos como personagens principais. Em 2008, "Ó pai, ó" virou série na
Rede Globo. Há rumores que aMonique também irá dirigir em 2013 "Boca do
Inferno" , projeto de filme e minissérie sobre personagens como o poeta
Gregório de Mattos e o padre Antonio Vieira e será ambientada na Bahia do
século 17. A ideia é levar para a TV depois de estrear nos cinemas, da mesma
maneira que foi feito com "Xingu", de Cao Hamburger.
Como a
Bahia foi retratada?
O texto de Meirelles é um protesto contra Antônio Carlos Magalhães, político
que atuou por muitos anos no governo de Salvador, e expulsou os moradores do
Pelourinho para fazer a restauração dos prédios antigos. A pobreza,
desigualdade e o lado social da Bahia são retratados na série, ainda que o
humor seja a tônica maior da história.
A minissérie, dirigida por Guel Arraes e
escrita em parceria com Sérgio Machado, é uma adaptação do romance de Jorge
Amado e traz os personagens que povoaram boa parte de sua extensa lista de
livros produzidas pelo escritor: prostitutas, padres, malandros, pais de santo
e camelôs. Exibida em 2002 e com apenas quatro capítulos, a série foi
integrante do programa "Brava Gente" fazendo um retrato do povo e das
regiões brasileiras. Os personagens vividos por Eduardo Moscovis, Matheus
Nachtergaele, Luiz Carlos Vasconcelos, Lázaro Ramos e Fernanda Montenegro
viviam situações atuais e cotidianas, em busca de trabalho, dignidade, dinheiro
e amizade.
Como a
Bahia foi retratada?
A Bahia atual, acolhedora e amistosa, mas com a miséria, a degradação e
violência retratadas. Filmada em película, as locações foram as ruas
enladeiradas da capital, Salvador.
O mais famoso triângulo amoroso da
dramaturgia brasileira também é adaptação do romance homônimo de Jorge Amado,
escrito em 1966. A minissérie da Rede Globo foi escrita por Dias Gomes,
Ferreira Gullar e Marcílio Moraes e exibida em 1998. No elenco principal Guilia
Gam, Marco Nanini e Edson Celulari. O filme dirigido por Bruno Barreto foi
lançado em 1976 e tem Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça como destaques.
Ficou 34 anos como recordista do cinema brasileiro, com 10 milhões de
espectadores. Foi refilmado nos EUA como "Meu Adorável Fantasma", em
1982, e será refilmado no Brasil em 2014.
Como a
Bahia foi retratada?
A Bahia quente e sensual foi retratada com a pitada típica de bom humor e
sarcasmo de Jorge Amado. No livro, a história se passa entre os anos 30 e 40.
Na minissérie, a trama foi atualizada para os anos 90 dando frescor e toques
contemporâneos, além de incluir o jogo do bicho como um dos problemas sociais
da Bahia daquela época. Uma das locações da minissérie foi a cidade de Bananal,
utilizando como cenário a Pharmácia Popular, um estabelecimento / museu local.
Tereza Batista cansada de guerra' é o romance
escrito por Jorge Amado e publicado em 1972. O livro conta a história de uma
jovem órfã, vendida pela tia para um capitão e e obrigada a ser sua escrava
sexual. A trama envolve romance, assassinato, vingança e deu espaço para a
umbanda, através da religiosidade e dos terreiros que Tereza frequentava. A
minissérie dirigida por Vicente Sesso ficou no ar de 7 de abril a 22 de maio de
1992 e revelou a atriz Patricia França que interpretou o papel principal na TV.
Como a
Bahia foi retratada?
As cidades de Cajazeiras e Salvador são apenas coadjuvantes para a história de
Tereza que é considerada uma heroína pela reviravolta que dá em sua vida e no
final feliz que consegue dar a sua história repleta de tristeza e tragédias na
juventude.
A novela "Renascer" foi escrita por
Benedito Ruy Barbosa e marcou a estreia do autor no horário nobre. A história
conta a saga de José Inocêncio, um fazendeiro da zona cacaueira de Ilhéus,
Bahia. Ao chegar à região onde vai fazer sua vida, finca um facão aos pés de um
frondoso jequitibá. Esta crendice popular passa a ser o símbolo de sua coragem
e do sonho de se tornar eterno. Apaixona-se por Maria Santa e desse amor nascem
quatro filhos: José Augusto, José Bento, José Venâncio e João Pedro. O caçula
nasce e Maria Santa morre no parto. O fato faz com que Zé Inocêncio fique
inconformado com a perda da amada e desenvolva um relacionamento de ódio com o
filho. A trama teve personagens marcantes como Tião Galinha interpretado por
Osmar Prado, revelou o ator Leonardo Vieira, e contou com Antônio Fagundes,
Marcos Palmeira, Adriana Esteves, Patrícia França, Tarcísio Filho, Taumaturgo
Ferreira, Marco Ricca, Maria Luísa Mendonça, Luciana Braga, Regina Dourado e
Tereza Seiblitz nos papeis principais.
Como a
Bahia foi retratada?
Benedito mostrou a cara rural e agrícola da Bahia com as plantações e grandes
fazendas de cacau. O autor rodou o sertão baiano atrás de informações e
personagens para escrever a novela. A maioria das cenas foi gravada em Ilhéus
mesmo, mas boa parte foi ambientada na cidade cenográfica em Jacarepaguá que
depois viria a ser o atual Projac - complexo de estúdios da TV Globo.
Adaptada por Aguinaldo Silva, Ana Maria
Moretzsohn e Ricardo Linhares, a novela foi um dos maiores sucessos das
adaptações dos livros de Jorge Amado depois de "Gabriela". Tieta foi
interpretada por Betty Faria que considera esse o papel mais importante de sua
carreira. A personagem foi expulsa da cidade por seu pai e volta, rica e
sensual, 25 anos depois, à sua cidade natal para se vingar das pessoas que a
humilharam. "Tieta do Agreste" também virou filme em 1996. Foi
dirigido por Cacá Diegues e teve Sônia Braga no papel principal.
Como a
Bahia foi retratada?
A Bahia dos anos 70 vivia o progresso da capital e tinha no entorno cidades
bastante atrasadas, sem saneamento básico, transportes e condições mínimas de
saúde e qualidade de vida para a população. Caso de Sant'Ana do Agreste, local
onde se desenvolve a trama. Muitas das imagens foram feitas em Mangue Seco,
litoral norte da Bahia. Outra parte das cenas foi gravada numa Sant´Ana do
Agreste fictícia. A cidade cenográfica era composta por 46 prédios, 2 igrejas,
8 ruas, 2 praças, um circo abandonado e 15 ruínas. Tudo foi construído numa
área de 10.000m², em Guaratiba, no Rio de Janeiro.
Mais um dos bens sucedidos romances de Jorge
Amado, "Tenda dos Milagres", publicado em 1969, retrata a
religiosidade do povo baiano e sua luta contra o preconceito racial. Na
história, a "tenda dos milagres" servia para encontros entre pessoas
ligadas ao candomblé e à capoeira de Angola. O candomblé constitui-se em pano
de fundo, e Pedro Archanjo é o herói mestiço dessa história. Mulato com algum
estudo, é protegido pelo professor da Faculdade de Medicina, Silva Virajá. A
história virou minissérie adaptada por Aguinaldo Silva e Regina Braga. Nelson
Xavier era Pedro Arcanjo, persoangem que defendia os negros e sua relação com
mães e pais de santo, prostitutas e mestres de capoeira. Ambientada na Bahia, a
série abordou o preconceito racial e o amor. "Tenda dos milagres"
também virou filme, dirigido por Nelson Pereira dos Santos e lançado em 1977.
Como a
Bahia foi retratada?
A realidade pobre e desigual também esteve presente na série que, numa das
primeiras vezes na TV, deu voz e discutiu a religiosidade, liberdade de
expressão e convivência entre os mais variados credos. As maior parte das
gravações foi feita em Salvador e Cachoeira, ambos municípios do estado da
Bahia.
Fonte: Yahoo
Nenhum comentário:
Postar um comentário