Vício em drogas, doação de orgãos, Síndrome
de Down: estes foram alguns temas de Merchandising Social ou campanhas sociais
que estiveram presentes nas telenovelas brasileiras nos últimos anos. Muitos
pensam que a colocação desses assuntos para estimular discussões na opinião
pública só começou na década de 1990, mas já era possível perceber iniciativas
assim há bastante tempo. "Merchandising social existe desde o início da
década de 1970. 'Verão Vermelho', em 1970, já tratava da questão da reforma
agrária. 'Meu Pedacinho de Chão', analfabetismo e questões do homem do
campo", recorda Nilson Xavier (@teledramaturgia), autor do livro Almanaque
da Telenovela Brasileira.
Mas é na década de 1990 que o Merchandising
social se institucionaliza e se profissionaliza. Com "Laços de
Família", a questão do câncer ganhou destaque, estimulando, por meio da
identificação com uma das protagonistas, a doação de medula. "Quando
veiculada pela novela, houve um enorme afluxo aos telefones do Disk Saúde do
Ministério da Saúde e do INCA, bem como uma procura para o cadastramento nos
hemocentros; em menos de três meses dobrou o número de cadastros de 12.000 para
cerca de 25.000. Este foi um resultado fantástico em função do que vinha sendo
obtido antes, porém após o término da novela a procura tornou a cair para os
números anteriores", afirma Luis Fernando Bouzas, coordenador do Registro
Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME).
Será que as telenovelas possuem um poder
maior de mobilização do que uma reportagem, por exemplo? Dar uma resposta
objetiva para essa pergunta é difícil. Mas as narrativas ficcionais contam com
alguns pontos a favor: a dramatização das situações que compõem o tema e o
acompanhamento da trajetória dos personagens como se fosse a vida real. "A
ficção consegue ir além da razão. A questão da afetividade, da própria
narrativa rica de sentimentos é um a mais. É uma característica que a ficção
pode realmente trabalhar", comenta Maria Immacolata Vassallo de Lopes,
coordenadora do Centro de Estudos de Telenovela da USP.
Uma
das novelistas que mais insere campanhas é Glória Perez. Na atual "Salve
Jorge", a história foi criada a partir da pesquisa sobre o tráfico humano.
A pesquisadora da novela, Julia Laks, conversou com policiais federais, com
membros do Ministério da Justiça e, especialmente, com vítimas do tráfico
humano para alimentar a autora de informações.
Esse aspecto das novelas brasileiras colabora
muito para diferenciá-las de outras produções, principalmente quando se pensa
em América Latina. Folhetins da Argentina, Chile, México até tratam de temas
importantes para a coletividade, mas de uma forma bem mais discreta. "Eu
posso dizer que o merchandising social como característica específica e
sistemática é da novela brasileira e principalmente da Globo. Essas produções
inclusive são vendidas com caráter de novela social", confirma a
pesquisadora Maria Immacolata.
Confira exemplos de campanhas sociais nas
novelas:
"Explode Coração" (1995) -
Desaparecimento de pessoas
"O Rei do Gado" (1996) - Discussões
sobre Reforma Agrária e MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra);
"O Clone" (2002) - Vício em
narcóticos
"Páginas da Vida" (2006) - Síndrome
de Down e Alcoolismo
"Caminho das Índias" (2009) -
Esquizofrenia e Psicopatia
Fonte: Yahoo
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