Avenida
Brasil:
A novela de João Emanuel Carneiro foi o assunto do ano. Em torno de um tema
batido, o da vingança, o melodrama seduziu com um retrato colorido de um
subúrbio carioca (o Divino), uma vilã de gestos extremos (Carminha), ritmo de
seriado policial, direção moderna e elenco muito à vontade, tanto entre
veteranos (Marcos Caruso, José de Abreu, Murilo Benício) quanto entre rostos
menos conhecidos (Cacau Protasio, Claudia Missura). Curiosamente, apesar da
notável repercussão, “Avenida Brasil” não superou a audiência da novela
anterior, “Fina Estampa”, de Aguinaldo Silva. A propaganda eleitoral gratuita
impôs à novela global considerável perda de média de audiência nas semanas em
que esteve no ar. Teria sido a cereja do bolo.
Cheias
de Charme:
O conflito entre patroas e empregadas já havia aparecido em outras novelas, mas
Filipe Miguez e Izabel de Oliveira foram felizes na escolha do universo da
música brega como pano de fundo e no tratamento dado ao tema, próximo de uma
história infantil. Com ótimos personagens, em especial a vilã Chayene e o trio
de empreguetes, elenco afiado e sintonia com outras mídias, a novela renovou o
gênero.
Humor
na MTV:
Em diferentes momentos do ano, os programas “Comédia Ao Vivo”, “Furo” e
“Trolalá” fizeram humor de qualidade, sem se dobrar ao apelo da grosseria e da
ofensa. O melhor de todos foi “Indiretas Já”, versão atualizada de “Roda Viva”,
de Chico Buarque, escrita por Marcelo Adnet, que traça um retrato crítico da
televisão brasileira atual. Igualmente genial foi a piada com a situação da
própria MTV, feita por Paulinho Serra.
Jogos
Olímpicos:
Um ano depois dos problemas enfrentados em Guadalajara (Jogos Pan-Americanos),
a Record saiu-se muito bem na transmissão do evento esportivo mais importante
que já exibiu com um bom time de narradores, uma equipe forte de reportagem e
alguns comentaristas de qualidade. Gafes e erros acontecem e fazem a alegria do
espectador, mas não comprometeram o resultado geral. Pena que a emissora não
tenha dado continuidade ao projeto esportivo.
Jornal
do Boris:
Apesar da grande expectativa, o “Pânico” pouco mudou ao trocar a RedeTV! pela
Band, mantendo as mesmas qualidades e defeitos que fizeram a sua fama. Uma
novidade, porém, marcou o ano: a imitação do jornalista Boris Casoy feita pelo
humorista Marvio Lucio, o Carioca. O programa, no entanto, chegou ao fim do ano
dando claros sinais de que precisa se renovar.
Minisséries
e seriados:
Entre as novidades exibidas em 2012 na TV aberta, destaco quatro programas.
“Dercy de Verdade”, de Maria Adelaide Amaral, conseguiu resumir a carreira da
atriz em quatro episódios e deixou um gosto de quero mais. Com texto de ótima
qualidade, “Brado Retumbante”, de Euclydes Marinho, contou a história de um
presidente intransigente com a corrupção. Já “Suburbia”, de Luiz Fernando
Carvalho, apostou num olhar sem glamour, mas poético, em direção à vida na
periferia do Rio. Por fim, “Fora de Controle”, de Marcilio Moraes, mostrou mais
uma vez que a TV brasileira sabe desenvolver boas séries policiais.
Lado a
Lado:
Tradição no horário das 18h, a “novela de época” voltou à grade da Globo pela
mão de dois autores estreantes, João Ximenes Braga e Claudia Lage. Ambientado
num período muito rico e inspirador, o Rio de Janeiro nos primeiros anos do
século 20, o melodrama vem discutindo temas importantes, como a emancipação da
mulher e a luta pelos direitos dos negros, mas não conseguiu os esperados
índices de audiência. Uma pena.
Carrossel: O maior sucesso de
audiência fora da Globo em 2012 foi uma nova versão desta novela mexicana muito
simples, exibida no Brasil em 1991. Adaptada por Iris Abravanel, mulher de
Silvio Santos, o melodrama infantil não apresenta nada de novo, mas mostra o
talento do SBT em encontrar nichos no mercado e entender o que o seu público
deseja ver na televisão. Não é pouca coisa.
Rei
Davi:
Incluo a terceira série bíblica da Record nesta lista por um critério semelhante
ao adotado no caso de “Carrossel”. Superprodução salpicada de efeitos
especiais, grande elenco e exageros dramáticos, a série não me agradou muito,
mas reconheço que a emissora encontrou um filão que não vinha sendo explorado.
O programa se mostrou capaz de dialogar com um público amplo, para além das
segundas intenções religiosas que parecem motivar a sua produção.
Na
Moral:
Pedro Bial ganhou, enfim, a sonhada atração destinada a mostrar que seus
talentos vão além da apresentação do “BBB”. Espécie de programa de auditório em
fim de noite, “Na Moral” começou confuso, com problemas de edição, mas acabou
encontrando um caminho e teve momentos marcantes, como um debate sobre invasão
de privacidade e a encenação de um casamento entre duas mulheres.
Fonte: Mauricio Stycer, do UOL
Eu adoro Avenida Brasil´foi muito show a melhor de todas
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