A Globo decidiu rescindir contrato com o jornalista William Waack, que em um vídeo que circula na internet desde 8 de novembro é flagrado fazendo ofensas racistas. Waack estava suspenso do Jornal da Globo desde aquela data. Nesta sexta-feira (22), a emissora comunicou que ela e o jornalista "decidiram que o melhor caminho a seguir é o encerramento consensual do contrato de prestação de serviços que mantinham".
No vídeo, Waack aparece em Washington, onde estava para a cobertura das eleições presidenciais dos Estados Unidos, exatamente um ano antes. Ele se preparava para entrar no ar ao vivo quando um motorista passou na rua buzinando. Donald Trump seria declarado presidente eleito no dia seguinte.
"Está buzinando por que, seu merda do cacete?", reclamou Waack. Em seguida, ele se virou para o comentarista Paulo Sotero e afirmou "Deve ser um, com certeza, não vou nem falar de quem, eu sei quem é. Sabe o que é?". Sotero ficou confuso e Waack moviu sua boca em um cochicho inaudível.
De acordo com peritos, foi possível constatar que o jornalista de fato usou a palavra "preto" de forma pejorativa. "Minhas observações quanto ao que é falado por William Waack a Paulo Sotero, neste momento, apontam para: 'Preto, (né)... Preto, né?'", disse o engenheiro eletrônico e mestre em fonoengenharia Maurício de Cunto, em análise feita para o site Notícias da TV.
O vídeo foi vazado por Diego Rocha Pereira, ex-operador de VT da Globo que foi demitido em janeiro deste ano. Em entrevista a Mauricio Stycer, colunista do UOL, Pereira afirmou que não postou o comentário racista de Waack logo que o gravou pois teve medo de ser mandado embora.
No início de dezembro, Pereira voltou à Globo. Com entrada autorizada, chegou a entrar na Redação do Jornal da Globo e postou uma foto irônica, sentado na cadeira que antes era ocupada pelo âncora, com a legenda "O que acham?"
Diante da repercussão do vídeo, William Waack foi afastado da bancada do Jornal da Globo em 9 de novembro. Na ocasião, a Globo comentou que era "visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações".
Desde então, Renata Lo Prete assumiu a bancada interinamente. O afastamento de Waack já era visto como irreversível por executivos da emissora. Heraldo Pereira é considerado favorito a ficar com a vaga, conforme antecipou o colunista do UOL Ricardo Feltrin
Mais de duas décadas na emissora - Waack entrou na Globo em 1996, como correspondente em Londres, depois de uma longa carreira na imprensa escrita. Uma de suas primeiras coberturas importantes na emissora foi a morte de Lady Di, em 1997. Voltou ao Brasil em 2000 como repórter especial, à frente de séries de reportagens para o Jornal Nacional e o Fantástico. No mesmo ano, assumiu o programa Painel, da Globo News, onde usava sua formação em Ciências Políticas.
Acostumado ao front de batalhas (ele ganhou um prêmio Esso com um livro-reportagem sobre a Guerra do Golfo, de 1991), foi escalado pela Globo para cobrir conflitos como a guerra de Kosovo, em 1999, e da guerra do Iraque, em 2003.
Em 2005, Ana Paula Padrão deixou a bancada do Jornal da Globo e Waack foi escalado para assumir o posto, ao lado de Christiane Pelajo. A dupla permaneceu no ar por uma década, até que os desentendimentos nos bastidores fizeram com que a apresentadora saísse da bancada.
De temperamento difícil, Waack também teve desentendimentos com a apresentadora esportiva Cristiane Dias, que dividiu a apresentação do Jornal da Globo com ele durante os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Na edição de 18 de agosto, os dois chegaram a trocar farpas ao vivo no ar. Dois dias depois, ele se despediu de Cristiane com um beijo no rosto.
Fonte: Notícias da TV
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