A austríaca Leopoldina (Letícia Colin) parte de navio rumo ao Brasil para se casar com o português D. Pedro (Caio Castro), por quem é apaixonada antes mesmo de conhecer. Já D. Pedro, que mais tarde seria conhecido como “o libertador” por proclamar a Independência do Brasil, era um mulherengo convicto. Ele teria logo cedo um romance extraconjugal com Domitila, personagem que entraria para a história como a Marquesa de Santos (Agatha Moreira), formando um triângulo amoroso já no início do casamento. Isso, ao menos, em Novo Mundo, novela que substitui Sol Nascente na faixa das 6 da Globo nesta quarta-feira com “liberdade poética”, como diz uma de suas autoras, Thereza Falcão. O risco, naturalmente, é que Novo Mundo se torne um festival de patacoadas como foi a série Quinto dos Infernos, de Carlos Lombardi, exibida pela mesma Globo em 2002, com Marcos Pasquim como um voraz a abobalhado D. Pedro I.
Mas os autores juram não se importar e já têm uma defesa preparada para os que torcem o nariz para a sua licença poética, graças à qual a Marquesa de Santos vai entrar no enredo antes do tempo. “Tem gente mandando mensagem para a gente, defendendo a Domitila; ou dizendo: espero que sejam fiéis à história. Como se as pessoas conhecessem a história. A história é uma versão. Resolvemos contar a nossa”, defende Alessandro Marson, o outro autor da trama. Thereza complementa: “A gente está fazendo uma novela a partir de versões. É como se a gente estivesse contando os bastidores, o lado humano da história. Estamos trazendo D. Pedro na sua humanidade máxima. Ele compunha e tocava, e ao mesmo tempo era extremamente machista, galinha. A Leopoldina era realmente apaixonada por ele. Claro que existem coisas que são reais: o Dia do Fico, a Independência.”
Ainda da realeza, estão na trama Dom João (Léo Jaime), Carlota Joaquina (Débora Olivieri), entre outros. Já os protagonistas da novela, o ator Joaquim Martinho (Chay Suede) e a professora de português Anna Millman (Isabelle Drummond), que formarão um casal, se enquadram na categoria dos personagens criados pelos autores. Mas podem perfeitamente trazer características de pessoas reais que viveram naquela época. Como a própria Anna. “Havia a professora dos filhos da Leopoldina. Mas, na verdade, a gente descobriu depois que existia essa pessoa. Ela foi casada com um historiador inglês e, antes de chegar ao Brasil, havia viajado o mundo inteiro. Foi para a Índia, África, falava várias línguas”, diz Marson. “E a gente criou uma personagem assim: uma menina que pudesse lutar com espada e que andasse a cavalo, só que, em vez de inseri-la como uma mulher casada na trama, a gente a fez como a filha solteira de um historiador.”
Adorável vilã - A parte cômica do folhetim caberá à vilã Elvira Matamouros (Ingrid Guimarães). Atriz da mesma companhia de teatro de Joaquim, Elvira “ficou pra titia” e, aproveitando a bebedeira do colega, acaba se casando com ele, contra a vontade do rapaz. Elvira ainda o coloca numa confusão e por isso ele entra escondido na mesma embarcação da comitiva de Leopoldina, onde conhece e se apaixona por Anna, que acompanha a princesa na viagem. “Elvira é a antagonista, mas é adorável. Chegando aqui, acontece tudo de ruim com ela. E ela vai se virando, até que descobre que o marido está vivo”, antecipa Thereza.
Ela e Marson lembram que, a princípio, pensaram numa outra história para a sua estreia como autores principais da Globo. Aquela primeira ideia acabou não passando pelo crivo de Silvio de Abreu, diretor do departamento de dramaturgia diária da emissora. Eles passaram a focar, então, na faixa das 18h, na história que queriam contar nesse horário — e que não precisava ser necessariamente histórica. “A gente acabou chegando a essa época, porque é a construção do Brasil”, afirma Alessandro Marson. “Era uma época em que as mudanças eram muito grandes, os europeus chegando, tinha príncipe, princesa, isso realmente aconteceu. Por que não mostrar?”
A volta da novela de época - O clima é o mesmo das produções hollywoodianas capa e espada, ao estilo dos filmes de Errol Flynn, com um pouco de Piratas do Caribe e porções de história do Brasil. Novo Mundo retoma o folhetim de época no horário, povoado por alguns personagens históricos, como D. Pedro e sua mulher, a arquiduquesa Leopoldina, e outros muitos fictícios. Todos eles embalados pelo espírito de aventura que se estabelece no Brasil, o tal novo mundo, no início do século XIX — mais precisamente entre 1817 e 1822, ano da independência do país.
Com direção artística de Vinícius Coimbra, Novo Mundo marca a estreia de Thereza Falcão e Alessandro Marson como autores titulares de uma novela, após muitos anos trabalhando como colaboradores de nomes como João Emanuel Carneiro, Duca Rachid e Thelma Guedes.
Aliás, a emissora vem investindo numa renovação de seu banco de autores, sem claro, abrir mão de assinaturas já consagradas, como Gloria Perez, Walcyr Carrasco e tantos outros. Thereza e Alessandro concordam que haja essa renovação, em entrevista, no Rio.”Acho que começa com a própria mudança de política da TV Globo”, comenta Thereza. E Alessandro emenda: “Precisa ter gente nova, novas formas de contar história, porque sempre, com as mesmas pessoas escrevendo, chega uma hora que fica muito parecido tudo. Ter uma pessoa nova escrevendo dá um brilho”.
A dupla conta que sempre trabalhou muito bem junto, desde que se encontrou num mesmo trabalho, o Sítio do Picapau Amarelo, no início dos anos 2000. E que coincidência: no Sítio, a atriz Isabelle Drummond, ainda criança, despontou como a espevitada boneca de pano Emília; e, agora, aos 22 anos, é uma das protagonistas de Novo Mundo. Isabelle interpreta a mocinha da trama, a professora de português Anna Milmann, que engata um romance com o ator Joaquim Martinho (Chay Suede). Não faz muito tempo, na 1ª fase da novela A Lei do Amor, Isabelle e Chay fizeram um par romântico. E, pelo que tudo indica, a parceria foi aprovada.
(Com informações do Estadão)
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