Casados há sete anos, Jonas e Eva se separam
depois que a mulher flagra o marido aos beijos com Cris, a personal trainer, na
sala de ginástica da mansão no casal, em Porto Alegre. Ambos no segundo
casamento, eles têm dois filhos cada, entre os quais Ana e Rodrigo. Irmãos de
criação, eles descobrem durante um passeio pela serra gaúcha que se amam, e a
menina engravida do rapaz.
De forma resumida, foi basicamente isto que
“A Vida da Gente” apresentou ao público ao final de seus dois primeiros
capítulos. Podemos imaginar que a novela de Lícia Manzo promete outras tramas e
muito mais atrações. Mas apostou tudo, inicialmente, apenas no núcleo central –
um casal que se desfez e um que se formou.
Por conta desta opção, também fomos
informados que Ana e a irmã, Manuela, são muito ligadas. A primeira é uma
tenista profissional às vésperas de entrar no circuito internacional. A outra,
por conta de um problema na perna, apenas torce. A avó delas, Iná, vive em
Gramado e namora Laudelino, que sonha em se casar.
Além de ser tratada como criança pela mãe,
Ana ainda sofre nas mãos de Vitória, professora de tênis déspota, cujo trabalho
é a principal fonte de renda da família, formada também pelo marido Marcos e as
duas filhas que ele toma conta.
A julgar apenas pelos dois primeiros
capítulos, “A Vida da Gente” parece um seriado, não uma novela. Um ótimo
seriado, por sinal.
O texto de Lícia Manzo é muito bom, afiado,
com humor e poucos clichês. A produção, como de hábito nas novelas da Globo,
está caprichada. A direção, de Jayme Monjardim, é competente. Os atores do
núcleo central me pareceram quase todos muito bem, em especial Ana Beatriz
Nogueira, Nicette Bruno e Marjorie Estiano.
Faço duas ressalvas. O sorriso de Fernanda
Vasconcellos é tão bonito e seus olhos tão fascinantes, que a direção e o
câmera da novela não deixam o público prestar a atenção em mais nada. Já Paulo
Betti deu a impressão de começar a novela numa chave cômica, que não combinou
muito com o seu texto.
É preciso aguardar pelos próximos capítulos,
quando o público será apresentado aos demais personagens da história e “A Vida
da Gente” vai se transformar numa novela de verdade, para saber se o espectador
conseguirá se esquecer de “Cordel Encantado”.
Fonte: Mauricio Stycer, do UOL
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