Leia, abaixo, uma entrevista exclusiva com o autor Lauro César Muniz.
UOL: Quais foram os pontos positivos de "Poder Paralelo"?
Lauro César Muniz: "Poder Paralelo" foi o meu melhor trabalho para a televisão nos últimos anos. E não adiantaria escrever uma novela forte sem uma direção segura: Ignácio Coqueiro conduziu muito bem o trabalho, o elenco de maneira geral correspondeu às minhas expectativas, a produção foi muito superior à média da emissora, enfim, um saldo positivo.
UOL: Existe alguma trama que, na sua opinião, poderia ter sido melhor desenvolvida? Qual?
Lauro César Muniz: Houve alguns acidentes de percurso que ameaçaram algumas tramas: incrível mas houve várias gravidezes na novela, além, da gravidez de ficção de Fernanda (Paloma Duarte): a Patrícia França, a Maria Ribeiro e a Beth Coelho engravidaram. Com isso tive que desviar o rumo das personagens que elas viveram, a Nina, a Marília e a Vânia, respectivamente. Eu mesmo tive um estresse por volta do capítulo 70, fiquei um pouco afastado da novela, que sofreu uma queda de qualidade e, consequentemente, de audiência. Cheguei a pensar que tivesse perdido a novela, mas, sob cuidados médicos recuperei minha vitalidade e aos poucos fui retomando a trama até colocá-la de novo nos trilhos.
UOL: Você voltou para a Record depois de 35 anos longe da emissora. Como você avalia o núcleo de teledramaturgia da Record hoje?
Lauro César Muniz: Vivi os anos românticos da TV Record sob a administração do Paulinho Machado de Carvalho. A Record era líder absoluta de audiência. Lá fiz "As Pupilas do Senhor Reitor" e mais duas novelas. Hoje, com outra administração e dentro de um processo menos romântico de administração, a teledramaturgia se firma a cada dia. Tempos muito diferentes da década de 70. O RecNov é um espaço de produção de excepcional qualidade, tecnologia de ponta, equipamentos de última geração nos estúdios e finalizações. Falta apenas a atual administração entender que os autores, atores, atrizes e diretores e técnicos precisam de diálogo. Temos muito a contribuir com nossa experiência, podemos ajudar a emissora a crescer. Não se pode prejudicar uma novela como "Poder Paralelo" alterando constantemente seu horário de exibição e fracionando o tempo dos capítulos para servir a reality shows que não são a base fundamental da programação. As colunas de sustentação da programação de uma rede de TV aberta brasileira, ainda está fundamentada em telenovelas. Aí estão "Poder Paralelo" e "Bela, a Feia", ocupando as lideranças de audiência da Record, provando a vitalidade do gênero.
UOL: Qual foi o personagem mais difícil de desenvolver?
Lauro César Muniz: Foi o Tony Castellamare, de Gabriel Braga Nunes, por ser um misto de herói e bandido. Contrariando o maniqueísmo tão em voga na dramaturgia facilitadora que está no ar há anos, Tony deu o tom da novela. "Poder Paralelo" que hoje ocupada a liderança de audiência da emissora - e a liderança dos programas fora da Rede Globo - prova que o público aceita e quer personagens mais complexos. Fiquei feliz em saber que a palavra de ordem da direção artística da Record recomendou a seus autores que o modelo para o horário mais avançado era a minha novela e não as novelas esquemáticas.
UOL: Quais são seus planos para depois que a novela terminar? É verdade que você vai escrever uma minissérie?
Lauro César Muniz: Para televisão não tenho nada pensado. Preciso descansar e me recuperar desse estresse que continua latente. Vou escrever uma nova peça de teatro.
UOL: Você já pensa numa próxima novela, já que seu contrato com a Record vai até 2015?
Lauro César Muniz: Não! Penso em viajar muito tempo, caminhar muito... Há dois meses eu não calçava os meus sapatos!
UOL: "Poder Paralelo" explorou bastante as cenas de violência. Em todos os capítulos da trama tem alguém segurando uma arma. Na sua opinião, a violência foi usada na medida certa ou pode ter havido um exagero?
Lauro César Muniz: Não houve exagero. "Poder Paralelo" se insere em um gênero que agrada pela ação forte (tiroteios, bombas, lutas, etc): o gênero policial, vertente gangsterismo/mafia tão explorado pelo cinema. O público que se interessa e acompanha este tipo de novela quer ver ação forte, explosiva. É verdade que sempre tem alguém segurando uma arma nessa novela, assim como em "Chiquinha Gonzaga", minha minissérie, sempre havia alguém tocando piano... Ou se assume o gênero ou se trai o público.
UOL: Quem foi o ator revelação da trama? Por quê?
Lauro César Muniz: Acho que foi o Guilherme Boury, o Pedro, apaixonado por uma mulher que tem o dobro de sua idade.
UOL: Sei que você não quer revelar quem é o Guri, mas será que poderia nos dar uma pista do assassino?
Lauro César Muniz: Posso. O Guri pode ser homem ou mulher, baixo ou alto, ser do grupo do Bruno ou do Tony, heterossexual ou homossexual... O telespectador deve se perguntar: quem mataria a mamma Freda?
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