Maria Júlia Coutinho, moça do tempo do "Jornal Nacional", da Globo, contou na tarde deste sábado (9) que decidiu seguir a carreira de jornalista depois de sofrer um acidente de automóvel, com perda total. Maju disse que, na época, se dividia entre os cursos de pedagogia, na USP, e jornalismo, na Cásper Líbero, e a sua vida era uma correria total, motivo que teria provocado o acidente.
"Sou filha de educadores e, quando terminei o meu Ensino Médio, a minha [primeira] opção era me tornar professora. Mas a minha mãe disse que eu teria que fazer o teste vocacional. Aí eu pensei: 'gente, eu quero ser jornalista'. Passei [no vestibular] e comecei a ter uma vida louca: estudava jornalismo pela manhã, na avenida Paulista [na Faculdade Cásper Líbero, da TV Gazeta], pedagogia à noite na USP, e dava aula à tarde em São Bernardo do Campo [SP]", relatou ela, durante entrevista ao "Estrelas", da Globo. "Só que aí, numa dessas loucuras, numa dessas canseiras, eu bati o carro e deu perda total. Aí eu acordei para o mundo e os ventos assopraram para o jornalismo", finalizou.
Ainda durante a entrevista, Maju afirmou que se sentiu aliviada depois que a polícia anunciou a prisão dos suspeitos de praticarem atos racistas contra ela, em julho do ano passado. A jornalista, no entanto, disse não entender o que move essas pessoas para cometerem tais atos.
"A resposta que a Justiça deu para a sociedade foi importante, porque isso tem que valer pra mim, pra você, pra Taís", avaliou Maju. "Você fica se perguntando 'por que [essas pessoas fazem isso]?', 'o que move?'. Eu juro que não consigo entender", completou.
Em dezembro de 2015, uma investigação feita pelo Ministério Público de São Paulo rastreou quatro grupos virtuais que se organizam para cometer crimes racistas por meio das redes sociais. Foram apreendidos computadores e smartphones nas casas e locais de trabalho de 12 suspeitos de participar de ataques racistas à jornalista.
Ofensas racistas - Maria Júlia Coutinho --ou simplesmente Maju-- sofreu ofensas racistas em julho em uma publicação com a sua imagem na página oficial do "JN" no Facebook. Alguns internautas fizeram piadas e publicaram comentários pejorativos e racistas, como "Só conseguiu emprego no 'Jornal Nacional' por causa das cotas. Preta imunda" ou "Vá fazer as previsões do tempo na senzala".
Revoltados, internautas, telespectadores, famosos, colegas de Redação e profissão saíram em defesa da jornalista, publicaram comentários de repúdio e subiram a hashtag #SomosTodosMajuCoutinho.
Formada pela Cásper Líbero e com rápida passagem pela TV Cultura, Maria Júlia iniciou a sua carreira no jornalismo da Globo como repórter de telejornais locais, em São Paulo. Se tornou pouco tempo depois a moça do tempo no "SPTV", "Bom Dia São Paulo", "Bom Dia Brasil" e também no "Hora 1". Ela é conhecida na Redação paulista com esse apelido, "Maju".
É considerada uma das repórteres mais simpáticas da emissora, e ganhou uma legião de fãs nas redes sociais depois que passou a interagir diariamente --e de forma descontraída-- com o âncora William Bonner no "Jornal Nacional". Maju é a primeira mulher negra a se tornar a moça do tempo do "JN", função que ocupa desde abril de 2015.
Fonte: UOL
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