Aguinaldo Silva criticou na manhã deste
sábado (4) a estratégia da Globo em iniciar histórias de novelas em outros
países. A emissora --na qual Silva trabalha há cerca de 30 anos-- tem adotado
esse artifício com o objetivo mercadológico de divulgar culturas e as suas
respectivas produções no exterior.
"O que eu acho ridículo é essa mania
idiota de começar a novela no exterior, às vezes no c* do mundo, tipo Nepal,
cujo único charme real, além da altitude asfixiante, é que todo mundo caga na
rua", disparou Silva em texto publicado em seu blog.
A Globo realizou gravações externas de
"Joia Rara" (2013) exatamente no Nepal. A trama escrita por Thelma
Guedes e Duca Rachid ganhou o prêmio Emmy Internacional de "Melhor
Telenovela" um ano depois.
"Eu comecei 'Império' no lugar mais
'oeste longínquo' do Brasil, no Monte Roraima, um lugar tão remoto que a gente
só pode chegar lá pela Venezuela – que, por sinal, não deu visto de trabalho
para o pessoal da Globo" prosseguiu o autor.
Em um infográfico publicado em sua página, a
Globo contabilizava 19 produções gravadas no exterior até 2009. Uma mesma
novela pode ser gravada em vários países. Foi o caso de "Viver a
Vida", que teve cenas rodadas em Israel, Jordânia e França.
De lá para cá, o número cresceu de forma
exponencial: atualmente no ar, "Babilônia" teve cenas gravadas em
Paris, na França, e Dubai, nos Emirados Árabes. Já "Os Dez
Mandamentos", da Record, teve externas no deserto do Atacama, no Chile
--nesse caso, ocorreu a necessidade de se aproximar do cenário da história
original.
O debate central, na verdade, foi lançado no
Facebook por um roteirista, que questionou: "por que as novelas das 21h
nos últimos anos são ambientadas preferencialmente no Rio de Janeiro?"
Na opinião de Silva, "a questão é que,
por problemas de produção, só dá pra fazer novela no Rio, mesmo que ela se
passe em São Paulo ou no raio que o parta". Segundo o autor da Globo
"as emissoras paulistas é que deviam fazer novelas passadas em São Paulo.
E não no México, pois aquelas Usurpadoras e outras que tais, por mais que sejam
adaptadas, não enganam [a] ninguém".
"É por isso que as cidades cenográficas
da Globo têm sido cada vez mais 'realistas'. O Nepal pode ser reconstruído em
Curicica, Jacarepaguá [bairros da zona oeste do Rio], e para isso nem é preciso
botar gente cagando na rua… Mas Paris, não. E eu volto a insistir: ninguém
aguenta mais ver novela que começa na capital francesa. Até eu fui a Paris numa
das minhas novelas (Duas Caras), não no começo, mas no meio e no final",
disse.
O autor de "Império" não perdeu a
oportunidade de cutucar também a concorrente Record. "Por ser uma emissora carioca e ter
todas as facilidades aqui é natural que a Globo apresente novelas predominantemente
cariocas. Agora a Record, uma emissora paulista, instalar no Rio os seus
estúdios e fazer aqui novelas 'egípcias', bem...", concluiu.
Fonte: UOL
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