terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

“Ti-Ti-Ti” avança no debate da temática gay


Na mesma semana em que se tornou conhecida a posição oficial da Globo, de veto, a cenas de beijo entre homossexuais em suas novelas e seriados, dois personagens da comédia “Ti-Ti-Ti”, Thales e Julinho, protagonizaram um raro – e sério – diálogo na televisão: “Eu estou apaixonado por você”, disse o primeiro.

A cena foi exibida no sábado e teve continuação na segunda-feira. “Eu nunca senti isso por ninguém”, disse Thales. “Você vai me assumir?”, questionou Julinho. “A gente vai namorar? Vamos ao cinema de mãos dadas?”

Em outra cena, Thales confessou a Jaqueline, com quem mantém um casamento de fachada, que está apaixonado. “Quem é ela?”, perguntou Jaque. “Não é ela”, ele respondeu. “Thales, você é gay?!”, completou a mulher.

Deve-se a Maria Adelaide Amaral a ousadia. Sua “Ti-Ti-Ti” é uma adaptação de duas novelas de Cassiano Gabus Mendes, exibidas na década de 80 – a própria “Ti-Ti-Ti” e “Plumas e Paetês”. Desta segunda, foram incorporados dois núcleos, incluindo o da personagem Marcela (agora vivida por Isis Valverde).

Na trama original, o personagem Osmar, amigo de Marcela, vivido por Stepan Nercessian, era heterossexual e tinha uma noiva. No remake, Osmar foi vivido por Gustavo Leão e era gay, companheiro do cabeleireiro Julinho (André Arteche).

O personagem Osmar morre logo no início da trama, mas a tempo de fazer várias demonstrações de carinho pelo namorado, em Belo Horizonte. Na mudança para São Paulo, Julinho trata abertamente da sua homossexualidade com a amiga Marcela e tem algumas decepções amorosas, até encontrar o surfista Thales (Armando Babaioff)

É interessante observar que Maria Adelaide Amaral tem dado ao personagem Julinho um tratamento sério, que destoa do clima geral de escracho de “Ti-Ti-Ti”. Se a comunidade gay lamentou a posição da Globo, para quem não cabe à emissora “promover institucionalmente o beijo gay”, tem motivos para estar satisfeita com a forma como a novela das 7 tem tratado um tema tão polêmico.

Fonte: Maurício Stycer, do UOL

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