segunda-feira, 6 de junho de 2011

Serginho Groisman fala sobre o "Altas Horas"


Muitas vezes, os jovens são vistos como problemáticos. Talvez por isso seja tão difícil encontrar a melhor maneira de lidar com eles, principalmente para quem já passou dessa fase. Mas Serginho Groisman parece ter descoberto um jeito eficaz de se aproximar do complexo público. Tanto que, há cerca de vinte anos, apresenta programas voltados para esse segmento. Só no comando do "Altas Horas", está há um pouco mais de dez anos.

Antes disso, ficou oito anos no SBT, à frente do "Programa Livre", e também trabalhou na TV Cultura e na TV Gazeta. "Aqui na Globo, foi o lugar onde fiquei mais tempo na minha vida até hoje", constata. De acordo com Serginho, para conquistar o adolescente é preciso, antes de qualquer coisa, não querer se comportar como ele. "Depois, é preciso ser mais jornalista do que um mestre de cerimônias que tem muitas coisas a dizer. É ser um intermediário", explica. "Às vezes, fico meio escondido. Acho que isso dá uma longevidade ao programa", completa.

O interesse pelo jovem, aliás, começou há bastante tempo, quando Serginho era responsável pelo departamento cultural do Colégio Equipe, em São Paulo. Na ocasião, ele promovia encontros musicais em plena Ditadura. "Até hoje ninguém sabe por que nada ali foi proibido", recorda o apresentador, que teve a chance de conhecer grandes nomes da música, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Elba Ramalho e Raul Seixas, entre outros. "Levei até Luís Carlos Prestes para fazer um debate. Houve encontros incríveis: Gonzagão com Gonzaguinha, Cartola com Nelson Cavaquinho...". Ao mesmo tempo em que Serginho ia aprimorando seu gosto musical, aprendia a lidar com a plateia. "Acho que esse foi o pontapé de me apresentar no palco e gostar sempre de música. E música variada", frisa.

No programa, é justamente a variedade que ele preza, seja musical ou nos convidados que recebe. Logo no primeiro "Altas Horas" que foi ao ar, aconteceu um debate com três detentos que haviam saído da prisão, e o deputado Conte Lopes. Em outra oportunidade, Erasmo Dias, que nos anos 70 havia invadido a PUC SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) como comandante da polícia, ficou cara a cara com uma menina que estava na universidade na época e foi queimada por uma bomba de gás lacrimogêneo.

Provavelmente, esse tipo de pauta não caberia em outro programa e, muito menos, em outro horário. Por isso, Serginho acredita que a grade, apesar de tarde, seja ideal para a proposta da produção. "Acho que é um horário bom para tudo, bom para experimentar. Coloco uma entrevista de 14 minutos no ar. Em outro horário, não sei o que pode acontecer nessa briga pela audiência", analisa.

Além disso, é possível trazer artistas menos comerciais. Nos dez anos de existência, o "Altas Horas" já recebeu Hermeto Pascoal, Sivuca e Egberto Gismonti, entre outros. "Esse programa, do jeito que ele é, não sei se no horário nobre seria considerado um risco", diz. Mesmo constatando muitos convidados interessantes já passaram pelo programa, Serginho admite ter os seus "sonhos de consumo". "Eu gostaria de trazer pessoas que não virão, como o João Gilberto, o Chico Buarque, que dificilmente iriam aceitar".
Mas, o que ele mais quer mesmo é que o programa não dependa tanto assim de seus convidados para atrair o público. "Queria que, com o tempo, as pessoas se habituassem aos quadros e que os entrevistados fossem importantes, mas não o fator mais importante", afirma.

Fonte: UOL TV

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